Abstract: Hereby we intend to examine the way by which tyranny and the tyrant are presented in Republic, a Platonic dialogue around which we will circumscribe the present study. Our interest emerges from the resurgence, in the 21st century, of democratically elected regimes that, however, flirt with authoritarianism. Socrates’ thesis, presented in Republic VIII (562b-563e), according to which tyranny arises from within democracy, highlights the contradictions inherent in this government regime since its beginnings, helping us to rethink it today. For the purposes of this study we follow the emergence of the issue of tyranny from the first book of the dialogue, until we reach the proper examination of this regime in books VIII and IX, up to which we are faced with the surprising argument that inside each one of us inhabits a sleeping tyrant (Rep.IX, 576b4-6). The city-soul analogy proposed in Republic II, as well as the composite soul thesis in Republic IV work as guiding conceptions of our investigation.
Resumo: Neste artigo pretendemos abordar o modo como a tirania e o tirano são apresentados na República, diálogo platônico sobre o qual iremos circunscrever o presente exame. Nosso interesse emerge do ressurgimento, em pleno século XXI, de regimes democraticamente eleitos que, todavia, flertam com o autoritarismo. A tese defendida por Sócrates em República VIII (562b-563e), segundo a qual a tirania nasce do interior da democracia, evidencia as contradições inerentes a esse regime de governo desde seus primórdios, ajudando-nos a repensá-lo nos dias atuais. Para efeito do presente exame, acompanhamos o surgimento do tema da tirania desde o primeiro livro do diálogo, até chegar ao enfoque propriamente dito desse regime nos livros VIII e IX, em que nos deparamos com o surpreendente argumento de que em cada um de nós habita um tirano adormecido (Rep. IX, 576b4-6). A analogia cidade-alma proposta em República II, bem como a tese da alma compósita, em República IV, servem de eixos norteadores para a nossa reflexão.