RESUMO Este artigo se propõe a analisar como o contexto histórico de Ilhéus, no interior da Bahia, durante a década de 1920, aparece na obra Gabriela, cravo e canela (1958), de Jorge Amado. O objetivo é compreender como a história pode servir para o escritor na criação da sua obra literária, assim como a literatura pode servir para o historiador na criação do registro histórico de determinada época. Adotamos como principal arcabouço teórico a noção de “imaginário” (PESAVENTO, 2006) em diálogo com as ideias de “lastro do real” (CANDIDO, 2000) e “história secreta” (PIGLIA, 2004). A metodologia de análise busca dar conta de um estudo crítico e interdisciplinar com diferentes referências dos campos da historiografia e dos estudos literários. Evidenciamos, enfim, como o contexto histórico de um período pode ser útil para a criação literária diferenciada dos escritores e, do mesmo modo, como a literatura de uma época pode servir aos registros também diferenciados dos historiadores.
ABSTRACT This article aims to analyze how the historical context of Ilhéus, in the interior of Bahia, during the 1920s, appears in Jorge Amado’s Gabriela, cravo e canela (1958). The main objective is to understand how history can be used by the writer to create his literary work, just as literature can be used by the historian to create the historical record of a particular era. We have adopted the notion of “imaginary” (PESAVENTO, 2006) as the main theoretical framework for discussion, in dialogue with the ideas of “ballast of the real” (CANDIDO, 2000) and “secret history” (PIGLIA, 2004). The analysis methodology seeks to provide a critical and interdisciplinary study with different references from the fields of historiography and literary studies. We highlight, ultimately, how the historical context of a period can be useful for the differentiated literary creation of writers and, in the same way, how the literature of an era can serve the also differentiated records of historians.