La hipótesis de que vastas porciones del Amazonas son de origen antropogénico y no ecosistemas prístinos ha ganado adeptos recientemente, aunque existen pocos casos de estudio que la sustenten. Este trabajo explora empíricamente esta hipótesis centrándose en aspectos controversiales acerca de la contribución de los forrajeros humanos en la modificación substancial del paisaje. Se documentan las conductas de alteración ecológica de los Hotï de la Sierra Maigualida, Amazonas venezolano, quienes tradicionalmente han ocupado la región selvática interfluvial. Los Hotï son indígenas fundamentalmente forrajeros, practicantes de recolección, caza, pesca, y en menor grado agricultura incipiente, están poco aculturados y han sido contactados recientemente. Se describen cinco de sus conductas alteradoras: cosecha y dispersión de frutos arbóreos, explotación y manipulación de palmas, manejo de gusanos de seje, cultivo de claros naturales y extracción de miel. Un análisis de estas alteraciones, y en virtud de los largos períodos de ocupación que los Hotï han ocupado esta región, permite inferir que sus conductas han tenido un impacto considerable en la composición, diversidad y estructura de los bosques de Maigualida. Tales conclusiones tienen implicaciones en los planes de conservación biológica al mostrar que las actividades de subsistencia de los indígenas forrajeros contribuyen a la creación y mantenimiento dinámico de la diversidad en los ecosistemas amazónicos.
The hypothesis that vast portions of Amazonia are made up of anthropogenic rather than pristine ecosystems has gained wide acceptance in recent years, yet empirical studies of this phenomenon are still few. One unexplored aspect of this hypothesis concerns whether aboriginal human foragers have contributed to landscape modification. The present article addresses this gap by documenting the ecological disturbance behaviors of the Hotï people of the Sierra Maigualida, Venezuelan Amazon. The Hotï are a recently contacted group who traditionally inhabited an interfluvial forest region, were very nomadic, and subsisted mainly from hunting and gathering and secondarily from swidden horticulture. Although some contemporary Hotï groups have experienced cultural changes following contacts with westerners foraging continues to be a dominant part of the subsistence system. Five disturbance behaviors observed among the Hotï are described: harvest and dispersal of edible fruit trees, exploitation and manipulation of palms, management of palm grubs, gap cultivation, and honey extraction. Based on an analysis of these types of disturbance and taking into consideration the long period of time they have occupied this region, we infer that they have probably had a considerable impact on the composition, diversity and structure of the Maigualida forests. The findings are potentially significant for conservation planning by showing empirically how the subsistence activities of indigenous human foragers contribute to the creation and dynamic maintenance of biodiversity in Amazonian ecosystems.
A hipótese de que vastas porções do Amazonas são de origem antropogênica e não ecossistemas prístinos tem ganho adeptos recentemente, ainda que existem poucos casos de estudo que a sustentem. Este trabalho explora empiricamente esta hipótese centralizando-se em aspectos controversiais sobre a contribuição forraginosos humanas na modificação substancial da paisagem. Documentam-se as condutas de alteração ecológica dos Hotïs da Serra Maigualida, Amazonas venezuelano, os quais tradicionalmente têm ocupado a região selvática interfluvial. Os Hotïs são indígenas fundamentalmente forraginosos, praticantes da colheita, caça, pesca, e em menor grau agricultura incipiente, estão pouco aculturados e têm sido contactados recentemente. Descrevem-se cinco de suas condutas alteradoras: colheita e dispersão de frutos arbóreos, explotação e manipulação de palmas, manejo de gusanos de seje, cultivo de claros naturais e extração de mel. Uma análise destas alterações, e em virtude dos longos períodos de ocupação que os Hotï têm ocupado esta região, permite inferir que suas condutas têm tido um impacto considerável na composição, diversidade e estrutura dos bosques de Maigualida. Tais conclusões têm implicações nos planos de conservação biológica ao mostrar que as atividades de subsistência dos indígenas forrajeros contribuem à criação e manutenção dinâmico da diversidade nos ecossistemas amazônicos.