As reflexões aqui elaboradas tiveram o intuito de seguir práticas nas quais pessoas, corpos, sentidos, objetos, manuais, ambiente, dispositivos e estratégias são incorporados, treinados ou desenvolvidos para se viver com a cegueira, tendo como base a vida cotidiana. Resultam de um trabalho etnográfico que procurou acompanhar os conhecimentos práticos desenvolvidos por profissionais e pacientes em um centro de reabilitação, mas também por pessoas cegas nas suas práticas da vida diária. Com a falta ou a perda da visão, os outros sentidos e o corpo inteiro se colocam como mecanismos de apreensão do mundo, do ambiente, das pessoas. Pretende-se abordar a percepção de mundo de pessoas cegas a partir das relações que estabelecem por meio de seus corpos. Com ênfase nas práticas, busca-se uma aproximação de como esses corpos interagem com o ambiente e o tipo de vivência e conhecimento de mundo que se produz. A proposta é entender como se dá a (re)organização corporal a partir da ausência ou da perda da visão e quais habilidades, técnicas e estratégias são criadas ou desenvolvidas.
The reflections elaborated here have the intention to follow practices in which people, bodies, senses, objects, books, environment, devices and strategies are incorporated, developed or trained to live with blindness, based on everyday life. They are a result of an ethnographic study that intended to go along with the practical knowledge developed by professionals and patients in a rehabilitation center, but also by blind people in their daily life practices. With the lack or loss of vision, other senses and the whole body arise as mechanisms to apprehend the world, the environment, the people. The intention is to approach the perception of the world of blind people from the relationships they establish through their bodies. With an emphasis on practices, we seek to approach how these bodies interact with the environment and what kind of experience, skills, techniques and knowledge of the world is produced in this process.