Abstract With this research we have tried to verify subjective processes of negotiation of the place of women in karate, understood as masculine, and elevated to an Olympic sport. Therefore, we carried out a qualitative study of an interpretive nature, using the techniques of collecting information, non-participant systematized observation and documentary analysis, contrasting the materials from the field with the literature. Our theoretical base has been supported by ethnographic and anthropological works that have in common, also with us, some degree of inspiration in the critical theory of sport. The observation has focused on the 24th Karate World Championships Madrid 2018. With the results and discussion, we preliminarily perceive, since it is the beginning of a major investigation, some elements for reflection, for example: a great demand of technical efficiency falls on the karateka woman; she is expected to present the ability to show hegemonic femininity objectively, sometimes even attesting to heterosexual orientation; it is valued in the environment that women correspond to beauty standards stipulated by the consumer industry, including stereotypes related to sensuality. In conclusion, the space designated for women in this masculine environment seems to require many negotiations for their acceptance and belonging.

Resumen Con esta investigación hemos tratado de verificar procesos subjetivos de negociación del lugar de las mujeres en el kárate, entendido como masculino, y elevado a deporte olímpico. Para tanto, realizamos un estudio cualitativo de carácter interpretativo, valiéndonos de las técnicas de recogida de informaciones observación sistematizada no-participante y análisis documental, contrastando los materiales provenientes del campo con la literatura. Nuestra base teórica ha estado apoyada en trabajos etnográficos y antropológicos que tienen en común, también con nosotros, algún grado de inspiración en la teoría crítica del deporte. La observación se ha centrado en el 24th Karate World Championships Madrid 2018. Con los resultados y discusión percibimos preliminarmente, pues se trata del inicio de una investigación mayor, algunos elementos para la reflexión, por ejemplo: sobre la mujer karateca recae una gran exigencia de eficiencia técnica; se espera que ella presente capacidad de enseñar la feminidad hegemónica de forma objetiva, algunas veces incluso atestando orientación heterosexual; se valora en el medio que la mujer corresponda a unos estándares de belleza estipulados por la industria de consumo, incluyendo estereotipos relacionados a la sensualidad. En conclusión, el espacio designado a la mujer en este ambiente masculino parece requerir negociaciones para su aceptación y pertenencia.

Resumo Nesta pesquisa, tentamos verificar os processos subjetivos de negociação do lugar das mulheres no karatê entendido como masculino, elevado a esporte olímpico. Realizamos um estudo qualitativo de caráter interpretativo, valendo-nos das técnicas de coleta de informações, observação sistematizada não participante e análise documental, contrastando os materiais provenientes do campo da literatura. Nossa base teórica se apoiou nos trabalhos etnográficos e antropológicos que, em alguma medida, estão inspirados na teoria crítica do esporte. A observação centrou-se no 24th Karate World Championships Madrid 2018. Com base nos resultados e discussões percebemos a princípio, dado que se trata de uma pesquisa maior, alguns elementos para a reflexão, por exemplo: sobre a mulher carateca recai uma exigência maior de eficiência técnica; espera-se que ela apresente capacidade de ensinar a feminilidade hegemônica de forma objetiva, algumas vezes inclusive atestando orientação heterosexual; valoriza-se no meio que a mulher corresponda a certos padrões de beleza estipulados pela indústria de consumo, incluindo estereótipos relacionados à sensualidade. Conclui-se que o espaço designado à mulher neste ambiente masculino parece requerer negociações para sua aceitação e pertencimento.

O presente trabalho relata aspectos de uma etnografia realizada em um dojo de caratê, cujo objetivo foi pesquisar a produção e as relações com dor e sofrimento corporal aliadas a afirmações de masculinidade. Não tratamos aqui dos resultados da pesquisa, mas do percurso, das questões que deram forma a ela, considerando uma especificidade: a responsável pelo trabalho de campo é carateca desse dojo e seu movimento de respeitada faixa preta para pesquisadora produziu novas formas de desafio naquele espaço. Problematizamos essa questão tentando demonstrar as dificuldades desse embate que combina um conflito de gênero com a conciliação possível da condição do/a pesquisador/a em relação ao campo do qual faz parte e no qual, inevitavelmente, se conflagra.

This work reports aspects of an ethnography carried out at a karate dojo. The aim of the investigation was to observe the production and the relationship between the pain and body suffering and the affirmation of masculinity. We do not discuss here the results of the research, but the issues involved in its construction, considering a specificity: the responsible for this field work is a fighter of that dojo, and her movement from a respected black belt karate fighter to a researcher produced new forms of challenges in that space. We problematize the question, trying to show the difficulties in the debate which combines a gender conflict with the probable conciliation between the condition of researcher and the field in which he/she is involved, and with which he/she will inevitably confront.