Resumo O conhecimento local sobre plantas medicinais varia em relação a fatores como: idade, sexo, educação e renda. A compreensão dessa variação permite a identificação de pontos fracos nos sistemas médicos locais, já que o acesso ao conhecimento é bem distribuído em diferentes classes sociais. As variáveis socioeconômicas podem influenciar a quantidade de plantas medicinais conhecidas e, portanto, pode haver uma variação qualitativa no repertório de plantas e doenças de diferentes grupos sociais. Assim, objetivou-se identificar se variáveis socioeconômicas influenciam o conjunto de plantas e doenças medicinais conhecidas tratadas por pessoas da comunidade rural de Boa Vista, São José de Tapera, Alagoas. Foram realizadas 33 entrevistas semiestruturadas, utilizando a técnica de listagem livre para coleta de dados. Não houve diferenças significativas entre o conhecimento de homens e mulheres do ponto de vista quantitativo. Observamos que os entrevistados mais velhos conheciam mais plantas medicinais do que os mais jovens, e houve uma diferença significativa entre as plantas medicinais conhecidas por pessoas mais velhas e mais jovens. Em relação às doenças citadas, não houve diferença entre gênero ou idade. Portanto, fazer inferências sobre aspectos qualitativo-quantitativos do conhecimento de plantas medicinais e doenças requer a compreensão da estrutura social da comunidade estudada, uma vez que pessoas com papéis sociais semelhantes tendem a ter conhecimento homogêneo.
Abstract Local medicinal plants knowledge varies in relation to factors as age, gender, education, and income. Understanding this variation enables the identification of weaknesses in local medical systems, since access to knowledge is well distributed in different social classes. Socioeconomic variables can influence the quantity of known medicinal plants, and therefore, there may be a qualitative variation in the plant and disease repertoire of different social groups. Thus, we aimed to identify if socioeconomic variables influence the set of known medicinal plants and diseases by people in the Boa Vista community, São José of Tapera, Alagoas. A total of 33 semi-structured interviews were conducted, using the free-listing technique for data collection. There were no significant differences between the knowledge of men and women from a quantitative point of view. We observed that older interviewees knew more medicinal plants than younger, and there was a significant difference between the medicinal plants known to older and younger people. In terms of cited diseases, there was no difference between gender or age. Therefore, making inferences about qualitative-quantitative aspects of medicinal plant and disease knowledge requires understanding the social structure of the studied community, since people with similar social roles tend to have homogeneous knowledge.