Abstract Among the various destinations of Cape Verdean people, the migratory experience in São Tomé and Príncipe was narrated as the portrait of Cape Verde's “worst migration”, as it reverberated the experimentation of “slavery” and reinforced a renegade blackness. With the narratives of those who experienced not only hunger, but the effects of it, the event and the experience of Cape Verdean migration to the gardens of São Tomé and Príncipe, this article discuss the multiple places of utterance of this experience and event, about everyday of hunger, as well as the “decision or not” to join the São Tomé plantations. It is argued that the discourse and practices of the colonial authorities on famines led to the creation of modes of existence and daily famines, in which, as a motto for Cape Verdean migration to the cocoa and coffee fields in São Tomé and Príncipe, contracted migration would constitute “the only possible alternative” to famines and the imminence of death tolls.
Resumo Dentre vários destinos das pessoas cabo-verdianas, a experiência migratória em São Tomé e Príncipe foi narrada como o retrato da “pior migração” cabo-verdiana, por reverberar a experimentação da “escravidão” e reforçar uma negritude renegada por estes. Com as narrativas dos que vivenciaram não só a fome, como os efeitos dela, o acontecimento e a experiência da migração cabo-verdiana para as roças de São Tomé e Príncipe, este artigo discorre sobre os múltiplos lugares de enunciação desta experiência e acontecimento, sobre o quotidiano de fome, bem como, da “decisão ou não” de alistar-se para as roças santomenses. Argumenta-se que as discursividades e as práticas coloniais sobre as fomes propiciaram a criação dos modos de existência e de quotidianos de fomes, em que, como mote para a migração cabo-verdiana para as roças de cacau e café em São Tomé e Príncipe, a migração contratada constituiria “a única alternativa possível” às fomes e à eminência das mortandades.