Resumo A Agricultura Urbana (AU) tem alcançado bastante visibilidade na contemporaneidade, apesar de não ser uma prática nova, pois a sua origem está associada ao surgimento das cidades. Práticas de agricultura nas cidades têm se mostrado positivas, mas também permeadas por contradições. Este artigo apresenta a análise de uma horta urbana coletiva situada na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A Horta da Formiga (HF) foi observada, como um campo social, em uma investigação participativa ao longo de dois anos. Buscou-se responder à seguinte inquietação: como agentes protagonistas em uma horta urbana coletiva conciliam as contradições inerentes a esse campo social? Com vistas a este objetivo, o aparato de Pierre Bourdieu foi mobilizado como lente teórico-metodológica. O corolário do argumento desenvolvido é que quanto mais os agentes protagonistas da HF se aproximam dos capitais tidos como legítimos ao Estado (metacampo de poder), mais são capazes de conciliar as contradições que se atravessam nesse campo. Identificou-se, pois, que embora haja uma agência desses indivíduos, considerando a análise recorrendo às noções de capital e à categoria habitus de Bourdieu, há condicionantes estruturados no campo que não permitem a conciliação de contradições de formas mais orgânicas e diversas.
Abstract Urban Agriculture has achieved considerable visibility in contemporary times, although it is not a new practice, as its remote origin is associated with the emergence of cities. These agricultural practices in cities have shown to be positive but permeated by contradictions. This article analyzes an urban collective garden located in the city of Porto Alegre, RS. The Horta da Formiga was observed as a social field through a two-year participatory investigation. The authors sought to answer the research question: How do protagonist agents of a collective urban garden reconcile as inherent contradictions to this social field? Pierre Bourdieu’s apparatus was used as a theoretical-methodological lens. The corollary of the developed argument is that the more the protagonists of Horta da Formiga get closer to the capitals considered legitimate to the state, the more they can reconcile the contradictions in this field. The study identified that, when considering the analysis based on Bourdieu’s notions of capital and habitus category, despite the individuals’ agency, they face structured conditions in the field that do not allow more organic and diverse forms of reconciliation of contradictions.
Resumen La agricultura urbana (UA) ha logrado una notoriedad considerable en la época contemporánea, aunque no es una práctica nueva, ya que su origen remoto está asociado al surgimiento de las ciudades. Las prácticas agrícolas en las ciudades han demostrado ser positivas, pero también impregnadas de contradicciones. Este artículo presenta el análisis de un huerto urbano colectivo ubicado en la ciudad de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. La Horta da Formiga se observó como un campo social en una investigación participativa de más de dos años. Se buscó responder a la siguiente inquietud: ¿Cómo concilian los agentes protagonistas de un huerto urbano colectivo las contradicciones inherentes a este campo social? Con miras a este objetivo, se utilizó/utilizaron la/s teoría/s de Pierre Bourdieu como lente teórico-metodológico. El corolario del argumento desarrollado es que cuanto más se acercan los protagonistas de Horta da Formiga a los capitales considerados legítimos del Estado (metacampo del poder), más capaces son de conciliar las contradicciones que atraviesan este campo. Se identificó, por tanto, que si bien existe una agencia de estos individuos, considerando el análisis utilizando las nociones de capital y la categoría habitus de Bourdieu, existen condicionantes estructurados en el campo que no permiten la conciliación de contradicciones de formas más orgánicas y diversas.