O desenvolvimento dos tumores depende da formação de neovasos, a angiogênese. Em algumas neoplasias, a alta densidade de microvasos tumorais correlaciona-se com a presença de metástase. OBJETIVO: Determinar se a medida da angiogênese pode indicar o potencial de metástase e o prognóstico do carcinoma papilífero tireóideo. MÉTODO: Foi feita análise retrospectiva de 30 tireoidectomizados, divididos em dois grupos de 15 indivíduos cada, respectivamente com e sem metástase. A partir dos blocos de parafina, foi calculada a densidade de microvasos no tecido tumoral por meio da quantificação da expressão do anticorpo CD34 pela imunohistoquímica. A associação da densidade de microvasos com a presença de metástase, ocorrência de recidiva e os grupos de risco do índice prognóstico AMES foi determinada por análise estatística. RESULTADOS: A mediana da densidade de microvasos no grupo de doentes sem metástase (200,0 microvasos/mm²) foi inferior àquela dos portadores de metástase (254,4 microvasos/mm²) (p = .2), sem atingir significância estatística. Ao considerar apenas os subtipos histológicos clássico e de células altas, essa diferença tornou-se significante (p = .02), uma vez que a variante folicular exibiu maior DMV que os demais subtipos, independente da presença de metástase. Houve tendência não significativa à maior densidade de microvasos entre aqueles que apresentaram recidiva (294,4 microvasos/mm² contra 249,6 microvasos/mm², p = .11). Nos grupos de baixo e alto risco, a mediana da densidade de microvasos foi de 304,0 microvasos/mm² e 229,6 microvasos/mm² respectivamente (p = .27). CONCLUSÃO: A angiogênese foi mais intensa nos tumores com metástase nos subtipos clássico e de células altas, sugerindo que a contagem de microvasos pode ser um indicador do potencial de metástase nestes subtipos histológicos do carcinoma papilífero tireóideo. Doentes que evoluíram com recidiva tenderam a exibir maior angiogênese, porém não houve associação da densidade de microvasos e o índice prognóstico.
Angiogenesis is new blood vessel formation, a process that can lead to tumor development. Microvessel count has been correlated to metastasis in some neoplasias. PURPOSE: To determine if measurement of microvessel density is useful in predicting metastasis to the cervical lymph node and prognosis in patients with papillary thyroid carcinoma. METHODS: A retrospective analysis was performed in 30 patients that had undergone total thyroidectomy. They were divided in 2 groups of 15 patients - with and without metastatic disease. Immunohistochemistry was used to detect expression of CD34 in archival paraffin-embedded papillary thyroid tumors, and microvessel density was calculated based on it. Association between microvessel density and the presence of metastasis, according to histological subtype, disease recurrence, and AMES prognostic index groups was determined through statistical analysis. RESULTS: The median microvessel density for the patient group without metastasis (200.0 microvessels/mm²) was apparently, but not significantly, less than that observed among metastatic disease patients (254.4 microvessels/mm²) (P = .20). When papillary carcinoma subtypes were analyzed, this difference became significant (P =.02). The follicular variant exhibited a greater microvessel density than the other subtypes, independent of metastasis presence. There was an apparent, but not significant, tendency for a larger median microvessel density in the group of patients that presented recurrence (294.4 microvessels/mm² vs 249.6 microvessels/mm², P = .11). There was no relationship between risk level and microvessel density: in the low- and high-risk groups, the median MVD was 304.0 microvessels/mm² and 229.6 microvessels/mm², respectively (P = .27). CONCLUSIONS: The results suggest that angiogenesis is more intense among metastatic tumors in the classic and the tall cell variants, indicating that microvessel count can be an indicator of the potential for metastasis in these subtypes of papillary thyroid carcinoma. Patients that developed recurrent disease had a tendency to exhibit higher angiogenesis; however, there was no association between microvessel density and the AMES prognostic index.