Resumo A cutia (Dasyprocta leporina) produz filhotes precoces, e é a espécie cinegética mais caçada e criada em muitos países neotropicais. O entendimento da biologia reprodutiva, incluindo a relação entre o tamanho da ninhada e a funcionalidade das glândulas mamárias é crucial para o manejo conservacionista deste animal. Nos mamíferos precoces, como a cutia, manter o contato materno para a aprendizagem de padrões de forrageamento pode ser mais importante do que a demanda energética e de restrição nutricional durante a lactação, e a amamentação pode não desempenhar um papel importante quando comparado aos mamíferos altriciais. Portanto, neste estudo nós avaliamos a relação entre a funcionalidade mamária com o tamanho da ninhada, peso ao nascer da ninhada, e o número de partos em cutias cativas. A funcionalidade foi avaliada por meio de palpação manual das glândulas mamárias em fêmeas não sedadas (N=43). Nós comparamos a média do peso ao nascer de todos os recém-nascidos, macho e fêmeas recém-nascidos entre cutias com diferentes tamanhos de ninhadas e diferentes parturições, por meio da análise one–way ANOVA unifatorial; enquanto o teste do chi-quadrado de Pearson foi utilizado para detectar as relações entre a funcionalidade da glândula mamária, o tamanho da ninhada e o número de partos. O número de partos teve efeito na média de peso ao nascer dos filhotes (F0,822, P > 0,05), filhotes machos (F0,80, P > 0,05) ou filhotes fêmeas (F0,66, P > 0,05) nas ninhadas. A análise bivariada de Pearson (i) não mostrou correlação (P > 0,05) entre a funcionalidade da glândula mamária e o tamanho da ninhada e (ii) nenhuma correlação significativa (P > 0,05) entre a funcionalidade da glândula mamária e o número de parições. Os resultados sugerem que, embora todos os pares de tetas fossem funcionais, as cutias recém-nascidas podem não depender da nutrição materna para sobreviver; .embora todos os pares de tetas sejam funcionais, as cutias recém nascidas aparentemente não dependem da nutrição materna para sua sobrevivência; esta é, provavelmente, uma estratégia evolutiva que resulta em grandes populações da cutia em vida livre; e que pode explicar sua popularidade como espécie cinegética
Abstract The red-rumped agouti (Dasyprocta leporina) produces precocial young and is the most hunted and farmed game species in several Neotropical countries. An understanding of the reproductive biology, including the relationship between litter size and teat functionality is crucial for conservation management of this animal. In precocial mammals, as the red-rumped agouti, maintaining maternal contact to learn foraging patterns may be more important than the energy demands and nutritional constraints during lactation and suckling may not play important roles when compared to altricial mammals. Therefore, in this study we evaluated the relationship between mammary functionality with litter size, litter birth weight, and parturition number in captive red-rumped agouti. Functionality was assessed by manual palpation of teats from un-sedated females (N=43). We compared the average birth weight of all newborns, male newborns and female newborns among agoutis with different litter sizes and different parturitions by one way ANOVA’s, while Pearson’s Chi-squared tests were used to detect relationships between teat functionality, litter size, and parturition number. Parturition number had no effect on the mean birth weight of all young (F0.822, P > 0.05), male young (F0.80, P > 0.05) or female young (F0.66, P > 0.05) in the litters. We found (i) no significant correlations (P > 0.05) between teat functionality and litter size and (ii) no significant correlations (P > 0.05) between teat functionality and parturition number. This suggests that whilst all teat pairs were functional, functionality was a poor indicator of litter size; suggesting that female agouti young may not have a high dependency on maternal nutrition; an possible evolutionary strategy resulting in large wild populations; hence its popularity as a game species.