RESUMO O Auto da Compadecida, filme dirigido por Guel Arraes, em 2000, trata-se de uma tradução intersemiótica do texto dramático de Ariano Suassuna, produzido em 1955. O objetivo deste trabalho é discutir as articulações entre imaginário, memória e identidade no contexto da obra cinematográfica. Analisa-se, nesta proposta, a linguagem verbal, visual e sonora do filme, considerando suas conexões com as identidades e à memória, aspectos que nos remetem a complexas reflexões sobre instâncias expressivas, que se revelam como performances de uma cultura traduzidas em paisagens imaginárias. Metodologicamente, o texto fundamenta-se nos princípios dos estudos comparados de literatura, segundo os quais os textos artísticos, em permanente diálogo, são tratados em suas singularidades, não se considerando o texto de origem modelar ou paradigmático ao qual sua releitura se reportaria como fonte ou influência. Esta pesquisa bibliográfica, de matriz interdisciplinar, aporta-se na concepção de tradução intersemiótica de Julio Plaza. A abordagem da trilha sonora está embasada nos estudos de paisagem sonora de Murray Schaffer. Adota-se o método analítico para leitura crítica do material verbal, visual e sonoro, composto pela construção linguística, imagética e melódica, pelas técnicas de criação de imagens, pela instrumentação, pelo uso de efeitos de sonoridade e oralidade. Entre os resultados, destacamos a qualidade estética que se revela na forma híbrida como as linguagens se articulam de maneira a revelar o imaginário do sertão nordestino, como um lugar de memória cultural, a partir do qual se desnudam as identidades locais, regionais e nacionais.
ABSTRACT O Auto da Compadecida, a film directed by Guel Arraes, in 2000, is an intersemiotic translation of the dramatic text by Ariano Suassuna, produced in 1955. This research discuss the articulations between imaginary, memory and identity in the context of the cinematographic narrative. In this proposal, the verbal, visual and sound languages presented in the film is analyzed, considering the connections with important themes as identities and memory, aspects that lead us to complex reflections on expressive instances which are revealed as performances of a culture translated in imaginary landscapes. Methodologically, the text is based on the principles of Comparative Studies of Literature, according to which artistic texts, in permanent dialogue, are treated in their singularities. This bibliographical research, with an interdisciplinary mark, is based on Julio Plaza's conception of intersemiotic translation. The soundtrack's approach is defined by Murray Schaffer's soundscape studies. The analytical method is adopted for the critical reading of verbal, visual and sound material, consisting of linguistic, imagery and melodic construction, image creation techniques, instrumentation, and the use of sound effects and orality in the cinematographic narrative. Among the results, we enphasize the aesthetic quality that is revealed in the hybrid way in which the languages are articulated in order to point out the images of the northeastern landscape as a place of cultural memory, from which local, regional and national identities are discovered.