RESUMO Hipóteses sobre a distribuição das comunidades de zooplâncton em vários ecossistemas são muitas vezes limitadas pela falta de dados sobre os seus mecanismos de dispersão. Muitas pesquisas sobre a dispersão passiva mediada por anuros têm sido desenvolvidas em bromélias, porém com foco em ostrácodes e anelídeos. Nós investigamos o potencial para a forésia externa do zooplâncton (rotíferos, cladóceros, copépodes) por anuros arbóreos em fitotelmos de bromélias. Nossa hipótese é que (1) a composição do zooplâncton presente na pele dos anuros e nos fitotelmos das bromélias é semelhante, e que (2) anuros com maior tamanho corporal carregam mais propágulos de invertebrados. Filtramos a água presente nos fitotelmos (10 a 150 mL) usando uma rede de plâncton (45 µm) e fixamos os invertebrados em formol a 4%. Os anuros foram coletados ativamente em torno das bromélias (até ~1,5 m de raio) e depois lavados com água destilada. Quatorze espécies de rotíferos e três de crustáceos foram registradas na água dos fitotelmos e no corpo dos anuros. Capturamos 17 anuros variando de 2 a 5 cm de SLV e pertencentes a cinco espécies: Pristimantis ramagii (Boulenger, 1888), Dendropsophus decipiens (A. Lutz, 1925), Scinax auratus (Wied-Neuwied,1821), S. pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) e S. x-signatus (Spix, 1824). Entre eles, 12 (70,59%) tinham propágulos aderidos ao corpo, dos quais a maioria (dez indivíduos) apresentou formas ativas de zooplâncton, enquanto apenas dois apresentaram ovos dormentes. Dez rotíferos e duas espécies de microcrustáceos foram registrados aderidas aos anuros. A composição zooplanctônica diferiu entre os fitotelmos e a pele de anuros e, o tamanho do corpo do dispersor não explicou o número de propágulos transportados, refutando ambas as hipóteses. No entanto, ressaltamos que evidências de dispersão foram encontradas devido ao alto número de propágulos aderidos aos anuros. Nosso estudo fornece evidências de que os anuros podem ser potenciais dispersores de formas ativas e inativas de zooplâncton em bromélias, através de forésia externa.
ABSTRACT Assumptions about the distribution of zooplankton communities in various ecosystems are often limited by lack of data on dispersal mechanisms. Many studies on frog-mediated passive dispersal have been developed in bromeliads, but they usually focus on ostracods and annelids. We investigated the potential for external phoresy of zooplankton (rotifers, cladocerans, copepods) by treefrogs in bromeliad phytotelms. Our hypotheses are that (1) zooplankton composition on frogs’ skin and in phytotelm tanks is similar, and (2) frogs with larger body size carry more propagules of these invertebrates. We filtered phytotelm water (10 to 150 mL) using plankton net (45 µm), and fixed invertebrates with 4% formalin. Frogs were actively collected in and around bromeliads (up to ~1.5 m radius) and then washed with distilled water. Fourteen species of rotifers and three of crustaceans were registered in phytotelm water and frog bodies. We captured 17 frogs with a snout-vent length (SVL) ranging from 2 to 5 cm and belonging to five species: Pristimantis ramagii (Boulenger, 1888), Dendropsophus decipiens (A. Lutz, 1925), Scinax auratus (Wied-Neuwied,1821), S. pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) and S. x-signatus (Spix, 1824). Among them, 12 (70.59%) had propagules adhered to their bodies, of which the majority (ten individuals) had active zooplankton forms, while only two had dormant eggs. Ten rotifer and two microcrustacean species were recorded adhered to frogs. The zooplankton composition differed between phytotelms and anuran skin, and frog body size does not explain the number of propagules carried, refuting both hypotheses. However, evidence of dispersal was found due to the high number of propagules adhered to anurans. Our study provides evidence that frogs may be potential dispersers of dormant and active forms of zooplankton in bromeliads, through external phoresy.