Resumo O ensaio aborda os trabalhos que Richard Serra apresentou em exposição realizada no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, em 2014, e discute o trânsito notável entre desenho e escultura presente em sua obra, do qual frequentemente resultaram desenhos marcados por qualidades escultóricas, tais como solidez, massa, peso, leveza, fluidez e, inversamente, em esculturas e instalações ligadas de modo decisivo a questões estruturais e arquitetônicas. O texto aponta, igualmente, o procedimento cezanniano que marca diversos desenhos de Serra, nos quais superfícies bidimensionais usualmente basculam em ângulos agudos, favorecendo o trânsito contínuo entre horizontais e verticais, entre a bidimensionalidade das superfícies e os espaços em profundidade. Desse enraizamento no desenho, conforme se argumenta, deriva o papel crucial que os gestos e a ação sobre os materiais desempenham nesse trabalho, conferindo a ele uma plasticidade corporal.
Abstract This essay, approaching Richard Serra’s works exhibited at Instituto Moreira Salles in Rio de Janeiro, in 2014, discusses the remarkable interplay between sculpture and drawing in the artist’s production, this interplay having frequently resulted in drawings marked by such sculptural qualities as solidity, mass, weight, lightness, fluidity and, converselly, in sculptures and installations addressing architectural and structural issues. The text also points out to the cezannesque procedure which mark several drawings of Serra, where two dimensional surfaces usually basculate in steep angles, favouring a continuous switching back and forth between horizontals and verticals, flat and receding planes. From this relationship to drawing, as is argued, derives the crucial role gestures and action on materials play in this work, assigning to it a bodily plasticity.