OBJETIVOS: Tendo como propósito quantificar o uso múltiplo ou prolongado de antibióticos e quimioterápicos antimicrobianos em pacientes clínicos, um estudo prospective foi executado em um hospital de 144 leitos. MÉTODOS: Enfermos adultos tratados com antibióticos e quimioterrápicos anti-infecciosos (2.790 pacientes com 3.706 internações) foram investigados. A duração da hospitalização foi de 5,5 ± 6,7 dias (2 -226), sendo o prazo de até 10 dias em 91,0% da população. A idade era de 57.4 ±18.8 anos (20 -97), e 54.3% eram mulheres (2.012). Antibióticos e outros agentes foram administrados a 1.166 indivíduos (31,5%); 325 (8,8%) necessitaram de assistência na unidade de terapia intensiva, e no total 141 (3,8%) faleceram. RESULTADOS: A associação entre medicação antiinfecciosa e mortalidade hospitalar foi estatisticamente significativa (p< 0,01) com forte correlação linear (r= 0,902, p=0,014). A quantidade de antimicrobianos prescritos, a idade e o requerimento de cuidados intensivos foram variáveis independentes para óbito na regressão logística. O cálculo do "odds ratio" para a medicação analisada assinalava probabilidade de desfecho negativo de 1,341 (1,043 a 1,725) para múltiplos antimicrobianos, para a idade de 1,042 (1,026 a 1,058), e para admissão na UTI de 11,226 (6,648 a 18,957). CONCLUSÕES: 1) O uso de grandes quantidades de agentes antimicrobianos associou-se com mortalidade hospitalar aumentada tanto pela análise univariada como na regressão logística; 2) Seu efeito adverso foi menos marcado que o associado à internação na unidade de cuidados intensivos, porém de magnitude semelhante ao da idade; 3) Estudos adicionais são necessários para elucidar se este resultado indesejável se prende à ação de focos infecciosos subjacentes, à morbidade não infecciosa ou aos efeitos colaterais das drogas utilizadas,
PURPOSE: To quantify the use of multiple and prolonged antibiotics and anti-infective drug therapy in clinical patients in a 144-bed hospital. METHODS: Adult patients (2,790 patients with 3,706 admissions over a period of 19 months) were investigated prospectively regarding treatment with anti-infective agents. The mean age was 57.4 (range, 18.8 - 97 years), and 54.3% were females (2012). RESULTS: Hospital stay was 5.5 (6.7 days (range, 2 - 226 days), with duration up to 10 days for 91.9% of the subjects. Antibiotics or other agents were administered to 1,166 subjects (31.5%), 325 (8.8%) required assistance in the ICU, and a total of 141 (3.8%) died. The association between anti-infective drug therapy and hospital mortality was statistically significant (P < .01) with a strong linear correlation (r = 0.902, P = .014). The quantity of prescribed antimicrobial drugs, age, and need for ICU assistance were independent variables for death by logistic regression analysis. The odds ratio for anti-infective drug therapy was 1.341 (1.043 to 1.725); for age, 1.042 ( 1.026 to 1.058); and for stay in the ICU, 11.226 ( 6.648 to 18.957). CONCLUSIONS: 1) The use of large amounts of anti-infective drug therapy was associated with higher hospital mortality according to both univariate and logistic regression analysis; 2) The adverse influence was less marked than that of hospitalization in ICU but of a similar order of magnitude as age; 3) Further studies should elucidate whether infectious foci, noninfectious morbidity, or drug effects underlie this undesirable concurrence.