OBJETIVO: avaliar conhecimento, opinião e conduta de ginecologistas e obstetras sobre o aborto induzido. MÉTODO: questionário estruturado e pré-testado foi enviado a ginecologistas e obstetras associados a FEBRASGO. Solicitou-se preenchê-lo sem identificar-se e retorná-lo em envelope pré-selado que o acompanhava, para assegurar anonimato. Perguntou-se sobre conhecimento da legalidade do aborto no Brasil, opinião sobre a mesma e conduta em situações de solicitação de aborto. RESULTADOS: para 90% o aborto é legal nos casos de gravidez por estupro e risco de vida para a gestante, e para 31,8% quando existe malformação congênita grave. Opinaram que o aborto deveria ser permitido quando há risco de vida da gestante (79,3%), malformação fetal (77,0%) e quando a gravidez for resultado de estupro (76,6%), e 9,9% opinaram que deveria permitir-se em qualquer circunstância. Dois terços acreditavam que se precisa de alvará judicial para realizar aborto previsto em lei, e 27,4% sabiam que se requer solicitação da mulher. Diante da gravidez indesejada, 77,6% das mulheres ginecologistas/obstetras e 79,9% das parceiras dos ginecologistas/obstetras que a experimentaram referiram que foi feito um aborto; 40% ajudariam uma paciente e 48,5% a uma familiar na mesma situação. CONCLUSÃO: falta conhecimento da situação legal do aborto entre os ginecologistas e obstetras, apesar de grande maioria ter atitudes e condutas favoráveis.
PURPOSE: to evaluate knowledge, opinion and practice of gynecologists/obstetricians regarding induction of abortion. Method: a pretested, structured questionnaire was sent to gynecologists/obstetricians affiliated to FEBRASGO. They were asked to answer and return the questionnaire in a self-addressed, prepaid envelope, without identification of the respondent so as to preserve anonymity. Knowledge about the legal situation of abortion in Brazil, opinion about it and practice if confronted with abortion requests were questioned. RESULTS: approximately 90% of the respondents believed that abortion is legal for pregnancy resulting from rape or in case of risk to a woman's life and for 31.8% in case of severe fetal malformation. In their opinion abortion should be permitted in the case that pregnancy is a risk for a woman's life (79.3%), fetal malformation (77.0%) and after rape (76.6%), added to 9.9% who expressed that abortion should be permitted in all circumstances. Two thirds wrongly thought that a judicial order is required to practice a legal abortion and only 27.4% knew that a written request by the woman is required. Confronted with unwanted pregnancy, 77.6% of female gynecologists/obstetricians and 79.9% of partners of male respondents had an abortion, 40% would help a client and 48.5% a relative in the same situation. CONCLUSION: gynecologists/obstetricians lack knowledge on the legal situation of abortion although their opinion and practice are favorable.