CONTEXTO: Os pacientes portadores de neoplasia maligna de cabeça e pescoço podem apresentar acometimento simultâneo de grandes vasos devido ao crescimento da massa tumoral. As opções terapêuticas são a quimioterapia, radioterapia, cirurgia ou tratamento combinado. Quando o tratamento cirúrgico é indicado e a veia jugular interna é acometida, normalmente é ressecada sem reconstrução, pois geralmente não há repercussões clínicas importantes. Porém, quando a artéria carótida interna e/ou comum são acometidas, a ressecção sem revascularização normalmente leva a índices de complicações neurológicas elevadas, motivo pelo qual deve ser realizado enxerto arterial. OBJETIVO: Analisar o resultado do tratamento cirúrgico com reconstrução carotídea dos pacientes portadores de neoplasia maligna avançada de cabeça e pescoço. TIPO DE ESTUDO: Prospectivo. LOCAL: Hospital do Câncer A.C. Camargo, São Paulo, SP, Brasil. PARTICIPANTES: 11 pacientes operados por neoplasia maligna avançada de cabeça e pescoço acometendo artéria carótida interna e/ou comum. PRINCIPAIS VARIÁVEIS: Por meio de exame clínico, seguimento ambulatorial e mapeamento dúplex, analisamos a perviedade dos enxertos carotídeos, as complicações vasculares e não-vasculares, recorrência da doença e sobrevida dos pacientes. RESULTADOS: Seis pacientes (54,5%) não apresentaram nenhum tipo de complicação. Houve uma complicação vascular representada por oclusão do enxerto carotídeo com acidente vascular cerebral hemisférico. As complicações não-vasculares ocorreram em cinco pacientes (45,5%). Durante o seguimento, oito pacientes faleceram (72,7%), sendo sete com recidiva tumoral loco-regional e um com metástases pulmonares e hepáticas (média de nove meses após a operação). Sete desses pacientes apresentavam enxerto funcionante. Os três pacientes vivos encontram-se sem recidiva tumoral e com enxertos funcionantes (média de nove meses). CONCLUSÕES: Os pacientes com neoplasia maligna avançada de cabeça e pescoço acometendo artéria carótida tratados cirurgicamente apresentam prognóstico reservado. Quando a artéria carótida interna e/ou comum é ressecada em bloco com o tumor, a reconstrução arterial deve ser realizada, sendo a veia safena magna um substituto vascular adequado.
CONTEXT: Patients with malignant head and neck neoplasia may present simultaneous involvement of large vessels due to the growth of the tumoral mass. The therapeutic options are chemotherapy, radiotherapy, surgery or combined treatments. OBJECTIVE: To analyze the result of surgical treatment with carotid reconstruction in patients with advanced malignant head and neck neoplasia. DESIGN: Prospective. SETTING: Hospital do Câncer A.C. Camargo, São Paulo, Brazil. PARTICIPANTS: Eleven patients operated because of advanced malignant head and neck neoplasia that was involving the internal and/or common carotid artery. MAIN MEASUREMENTS: By means of clinical examination, outpatient follow-up and duplex scanning, we analyzed the patency of the carotid grafts, vascular and non-vascular complications, disease recurrence and survival of the patients. RESULTS: Six patients (54.5%) did not present any type of complication. There was one vascular complication represented by an occlusion of the carotid graft with a cerebrovascular stroke in one hemisphere. Non-vascular complications occurred in five patients (45.5%). During the follow-up, eight patients died (72.7%), of whom seven had loco-regional tumor recurrence and one had pulmonary and hepatic metastases (at an average of 9 months after the operation). Seven of these patients presented functioning grafts. The three patients still alive have no tumor recurrence and their grafts are functioning (an average of 9 months has passed since the operation). CONCLUSIONS: Patients with advanced malignant head and neck neoplasia involving the carotid artery that are treated surgically present a prognosis with reservations. When the internal and/or common carotid artery is resected en-bloc with the tumor, arterial reconstruction must be performed. The long saphenous vein is a suitable vascular substitute.