RESUMO OBJETIVO Analisar a qualidade de vida e seus determinantes em uma população residente na zona rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional com indivíduos de 18 anos ou mais, da zona rural de Pelotas, Sul do Brasil. A qualidade de vida foi avaliada pelo WHOQOL-BREF, composto por quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente), e duas perguntas: qualidade de vida global e satisfação com a saúde. Variáveis demográficas, socioeconômicas e de saúde foram consideradas entre as variáveis independentes. As associações foram avaliadas por regressão linear nos quatro domínios e por regressão logística ordinal nas duas perguntas gerais de qualidade de vida e satisfação com a saúde. RESULTADOS A amostra foi composta por 1.479 indivíduos. As prevalências de percepção de qualidade de vida global muito ruim e insatisfação com a saúde foram, respectivamente, 22,5% e 26,3%. Indivíduos mais velhos (p < 0,001), com cor da pele não branca (p = 0,004), com menor escolaridade (p < 0,001), mais pobres (p = 0,001) e que residiram a vida toda na zona rural (p = 0,049) apresentaram menor chance de ter melhor percepção de qualidade de vida global. Quanto à satisfação com a saúde, as mulheres (p = 0,001), os mais velhos (p = 0,001), os desempregados (p = 0,023) e aqueles portadores de doenças tiveram menor chance de relatarem maior satisfação com a saúde. Para os quatro domínios avaliados, os resultados foram consistentes com os observados para as perguntas gerais. CONCLUSÕES O fato de ser mulher, mais velho, não ser branco, ter baixa renda, ter menor escolaridade, residir a vida toda na zona rural, estar desempregado e portar alguma doença foram os aspectos mais relevantes para definir negativamente a qualidade de vida da população. Tendo em vista que são fatores significativamente importantes como determinantes da saúde, estes resultados sugerem que a qualidade de vida é um tema que deve ser colocado entre as necessidades de saúde, principalmente com relação aos grupos mais vulneráveis das áreas rurais.
ABSTRACT OBJECTIVE To analyze the quality of life and its determinants in a population living in a rural area. METHODS This is a population-based, cross-sectional study with individuals aged 18 years or over from the rural area of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil. We evaluated quality of life using the WHOQOL-BREF, which has four domains (physical, psychological, social relations, and environment) and two questions: overall quality of life and satisfaction with health. We considered as independent variables the demographic, socioeconomic, and health variables. We evaluated the associations using linear regression in the four domains and ordinal logistic regression in the two general questions on quality of life and satisfaction with health. RESULTS The sample consisted of 1,479 individuals. The prevalence of the perception of overall very poor quality of life and dissatisfaction with health were 22.5% and 26.3%, respectively. Individuals who were older (p < 0.001), non-white (p = 0.004), with lower education level (p < 0.001), poorer (p = 0.001), and who had always lived in the rural area (p = 0.049) were less likely to have a better perception of overall quality of life. As for satisfaction with health, women (p = 0.001), older individuals (p = 0.001), those unemployed (p = 0.023), and those with diseases were less likely to report higher satisfaction with health. For the four domains evaluated, the results were consistent with those observed for the general questions. CONCLUSIONS The most relevant aspects that negatively defined the quality of life of the population were being a woman, older, non-white, having a low income, having a lower education level, having always lived in the rural area, being unemployed, and having a disease. Given that they are significant factors as determinants of health, these results suggest that quality of life is an issue that should be placed among health needs, especially regarding the most vulnerable groups in rural areas.