OBJETIVO: A principal utilidade da tomografia por emissão de pósitrons com 18-fluordeoxiglicose (FDG-PET) está no estadiamento do câncer de pulmão. Porém, ela também pode ser utilizada para diferenciar lesões pulmonares indeterminadas, mas seu impacto na ressecção cirúrgica de lesões benignas é desconhecido. O objetivo deste estudo foi comparar a prevalência de lesões benignas em toracotomias feitas por suspeição de câncer de pulmão, antes e após a introdução do FDG-PET, em um centro de referência de cirurgia torácica. MATERIAIS E MÉTODOS: Os autores analisaram, prospectivamente, uma base de dados cirúrgicos de todos os pacientes consecutivos submetidos a toracotomia por câncer de pulmão suspeito ou comprovado e compararam a prevalência de lesões benignas em dois grupos ao longo de dois anos consecutivos, respectivamente antes (grupo I) e depois (grupo II) da introdução da FDG-PET. RESULTADOS: Ressecção cirúrgica foi feita em 1.233 pacientes durante o período do estudo. A prevalência de lesões benignas na cirurgia nos grupos I e II foi similar (44/626 e 41/607, ambas correspondendo a 7%), e também no grupo II, entre aqueles submetidos a FDG-PET e os restantes (21/301 e 20/306 respectivamente, ambos correspondendo a 7%). No grupo II, dos 21 pacientes com lesões benignas submetidos a FDG-PET, 19 tiveram um estudo falso-positivo (valor médio padrão de captação 5.3 [faixa 2.6-12.7]). Desses, respectivamente 13 e 4 pacientes tiveram broncoscopia não diagnóstica e biópsia transtorácica percutânea de pulmão antes da toracotomia. Não houve diferença na proporção de lesões benignas diferentes ressecadas entre o grupo I e aqueles submetidos a FDG-PET no grupo II. CONCLUSÃO:A introdução da FDG-PET não alterou a proporção de pacientes submetidos a toracotomia por lesões benignas, principalmente devido à avidez pelo isótopo de algumas lesões não malignas. Tais resultados falsos-positivos devem ser considerados nos casos em que se contempla a possibilidade de ressecção cirúrgica em pacientes com câncer de pulmão não confirmado.
OBJECTIVE: The main utility of 18-fluorodeoxyglucose positron emission tomography (FDG-PET) lies in the staging of lung cancer. However, it can also be used to differentiate indeterminate pulmonary lesions, but its impact on the resection of benign lesions at surgery is unknown. The aim of this study was to compare the prevalence of benign lesions at thoracotomy carried out for suspected lung cancer, before and after the introduction of PET scanning in a large thoracic surgical centre. MATERIALS AND METHODS: We reviewed our prospectively recorded surgical database for all consecutive patients undergoing thoracotomy for suspected or proven lung cancer and compared the prevalence of benign lesions in 2 consecutive 2-year groups, before (group I) and after (group II) the introduction of FDG-PET scan respectively. RESULTS: Surgical resection was performed on 1233 patients during the study period. The prevalence of benign lesions at surgery in groups I and II was similar (44/626 and 41/607, both 7%), and also in group II between those who underwent FDG-PET scan and the remainder (21/301 and 20/306 respectively, both 7%). In group II, of the 21 patients with benign lesions, who underwent FDG-PET, 19 had a false positive scan (mean standardised uptake value 5.3 [range 2.6-12.7]). Of these, 13 and 4 patients respectively had non-diagnostic bronchoscopy and percutaneous transthoracic lung biopsy pre thoracotomy. There was no difference in the proportion of different benign lesions resected between group I and those with FDG-PET in group II. CONCLUSION: The introduction of FDG-PET scanning has not altered the proportion of patients undergoing thoracotomy for ultimately benign lesions, mainly due to the avidity for the isotope of some non-malignant lesions. Such false positive results need to be considered when patients with unconfirmed lung cancer are contemplated for surgical resection.