RESUMO Subprodutos da piscicultura poderiam representar matéria-prima em larga escala para implantes xenógenos úteis à regeneração óssea. O objetivo desta pesquisa foi analisar a biocompatibilidade e a biodegradação de membranas de gelatina (G) e apatita (A) de tilápia do Nilo. Camundongos Swiss machos adultos foram submetidos a implante subcutâneo de biocompósitos derivados de peles e escamas em diferentes concentrações: 60%G:40%A (G1), 70%G:30%A (G2) e 80%G:20%A (G3). Como controles, foram usados membrana colágena comercial (C+) ou cirurgia sem implante (C-). Eutanásia foi realizada em 1, 3 ou 9 semanas para análise histológica de critérios inflamatórios, de reparo e integridade de cada material. A análise estatística dos dados não paramétricos foi realizada pelo teste de Kruskal-Wallis e pós-teste de Dunn, com p<0,05. Resultados in vivo durante o período experimental demonstraram melhora progressiva na biocompatibilidade, com G1 e G2 suavemente irritantes e G3 não irritante, tal como o C+. Houve diferenças significativas entre grupos teste e controles quanto a presença de neutrófilos, linfócitos, macrófagos, células gigantes do tipo corpo estranho, neovascularização e tecido conjuntivo. Ainda, houve decréscimo da integridade dos implantes, onde G1 manteve maior estabilidade do que G3 e G2, porém inferior ao C+. Todos os biocompósitos se mostraram biocompatíveis e parcialmente biodegradáveis. O G1 sugere maior potencial de uso como membrana osteopromotora, com seu desempenho biológico associado à maior concentração mineral frente à fase orgânica. Futuros estudos ortotópicos a longo prazo serão conduzidos para investigar sua ação osteopromotora.
ABSTRACT Fish farming by-products could represent large-scale raw materials for xenogeneic implants that could be used for bone regeneration. The objective of this research was to analyze the biocompatibility and biodegradation of gelatin (G) and apatite (A) membranes from Nile tilapia. Adult male Swiss mice underwent subcutaneous implantation of biocomposites derived from skins and scales in different concentrations: 60%G:40%A (G1), 70%G:30%A (G2) and 80%G:20%A (G3). Commercial collagen membrane (C+) or implantless surgery (C-) were used as controls. Euthanasia was performed at 1, 3 or 9 weeks for histological analysis of the inflammatory and repair criteria as well as the integrity of each material. The statistical analysis of non-parametric data was performed using the Kruskal-Wallis test and post-hoc Dunn test, with p<0.05. In vivo results during the experimental period demonstrated progressive improvement in biocompatibility, with G1 and G2 being slightly irritating and G3 non-irritating, just like C+. There were significant differences between test and control groups regarding the presence of neutrophils, lymphocytes, macrophages, foreign body giant cells, neovascularization and connective tissue. There was also a decrease in the integrity of the implants, where G1 maintained greater stability than G3 and G2, but less than C+. All biocomposites proved to be biocompatible and partially biodegradable. G1 suggests greater potential for use as an osteopromoting membrane, with its biological performance associated with higher mineral concentration compared to the organic phase. Future long-term orthotopic studies will be conducted to investigate its osteopromoting action.