A ecodopplercardiografia ocupa posição de destaque no diagnóstico das valvopatias, pois fornece dados sobre a anatomia valvar, a área estenótica, os gradientes pressóricos e o grau da regurgitação. Seu uso na cirurgia cardíaca, com a abordagem epicárdica, é bastante conhecido. O advento da abordagem transesofágica, por não interferir no campo operatório, facilitou a sua utilização. O objetivo deste trabalho foi estudar a utilidade da ETE nacirurgiada valva mitral. De julho de 1991 a janeiro de 1992, aecodopplercardiografia transesofágica (ETE) monitorizou 198 cirurgias, das quais 65 foram sobre a valva mitral (VM). A idade variou de 8 a 62 anos e 42 pacientes eram do sexo feminino. A comissurotomia e papilarotomia (CP) foi o procedimento mais freqüente em 28 pacientes (pts), seguido do implante de bioprótese (BP) em 24 e da plastia (PL) em 19. A ETE pré-operatória confirmou o diagnóstico da lesão mitral em todos os pts, tendo acrescentado informações quanto ao grau e direção da insuficiência mitral (IM) em 8 dos 28 pts submetidos a CP. Modificou a orientação da abordagem da valva tricúspide em 9 oportunidades (3 por diagnosticar lesões não detectadas e 6 por evitar a abordagem desnecessária por melhor avaliação da lesão. Quanto aos pts submetidos a implante de BP, 6 já tinham próteses disfuncionantes, em 12 pts a BP foi implantada de imediato por decisão do cirurgião e, em 6 pts, a BP foi implantada após a detecção da presença de IM importante pós-correção. Quanto ao pts submetidos a PL, 12 tinham prolapso, 6 tinham insuficiência coronária e 1 era pós-operatório tardio de correção de defeito do septo atrioventricular. Em apenas 1 pt foi necessária nova CEC para nova plastia. A avaliação da tM pós CEC evidenciou 7 pts (10%) com IM importante, sendo necessária nova CEC, e mostrou IM leve em 15 pts, moderada em 8 e importante em 1 onde não foi realizada nova CEC. A ETE é um método de grande valor no auxílio do planejamento cirúrgico nas doenças da VM, bem como na avaliação imediaata dos resultados operatórios possibilitando ao cirurgião uma adequada análise anatômica e funcional da estrutura abordada.
The usefulness of routine intraoperative transesophageal echocardiography (TEE) for mitral valve (MV) surgery was studied in 65 patients (pts) with MV disease (mean age = 31 ± 14.8 to 62 yrs): 1 - Mitral regurgitation (MR): 19 pts-MV prolapse in 12 pts; Ischemic in 6 pts and post repair of ASD: 1 pt; 2 - Mitral stenosis (MS): 23 pts (4 of them with previous surgery); 3 - MS+MR and/or tricuspid valve (TV) lesions: 16 pts; 4 - Bioprosthetic valve (BV) dysfunction: 6 pts and 5 - Left atrial myxoma: 1 pt. Initial precardiopulmonary bypass TEE was used to confirm MV dysfunction, TV involvement and to assess LV function. On the 1 st run bypass (RBP), the MV commissurotomy was performed in 27 pts (23 with MS and 4 with MS+MR); the MV was replaced with BV (pericardial #21 to #29) in 18 pts (6 with BV dysfunction and 12 with MS+MR) and the MV repair was performed in all of 19 pts with MR). The 2nd RBP was required in 7 pts (11%): 1 pt with MR; 4 pts with MS+MR and 2 pts with MS. TEE caused changes in pre pump plans in 9 pts with TV lesions and in 10 pts with MS or MS+MR - preservation of native in 6 pts in which replacement was planned. Thus intraoperative TEE provides helpful information in MV surgery and can help avoid a mitral replacement in pts with MS or MS+MR.