Resumo A síndrome mão-pé (SMP) é um efeito adverso comum da terapia anticâncer. Sabe-se que causa sintomas dermatológicos, incluindo eritema acral e disestesia das palmas das mãos e solas dos pés, inchaço, dor, coceira e descamação. Alguns medicamentos como a capecitabina são conhecidos por desencadear essa condição. No entanto, a pigmentação da mucosa oral é um efeito adverso raro. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de hiperpigmentação da mucosa oral causada pela terapia com capecitabina antes do diagnóstico clínico de SMP. Mulher de 58 anos, com diagnóstico de carcinoma invasivo de ducto mamário, apresentou metástase no sistema nervoso central, fígado, pele e pulmão, em uso de capecitabina todos os dias por 14 ciclos. O exame oral revelou máculas negras multifocais no palato duro, mucosa bucal bilateral, mucosa gengival e dorso de língua. A hipótese clínica foi de hiperpigmentação da mucosa oral pelo uso de capecitabina e apenas o acompanhamento periódico foi necessário. A hiperpigmentação da mucosa oral pela capecitabina é uma consequência rara da terapia neoplásica e sua associação com SMP não é clara e pouco relatada. O relato desses eventos é importante para alertar as equipes de saúde oncológica sobre a tolerância individual à terapia com capecitabina.
Abstract Hand-foot syndrome (HFS) is a common adverse effect of anticancer therapy. It is known to cause dermatological symptoms including acral erythema and dysesthesia of the palms and soles of the feet, swelling, pain, itching, and scaling. Some drugs, like capecitabine, are known to trigger this condition. However, pigmentation of the oral mucosa is a rare adverse effect. This study aims to report a case of oral mucosa hyperpigmentation caused by capecitabine therapy before the clinical diagnosis of HFS. A 58-year-old female, diagnosed with invasive breast duct carcinoma, had the central nervous system, liver, skin, and lung metastasis, using capecitabine every day for 14 cycles. Oral examination revealed multifocal black macules on the hard palate, bilateral buccal mucosa, gingival mucosa, and dorsum of the tongue. The clinical hypothesis was oral mucosa hyperpigmentation by capecitabine use and only periodic follow-up was necessary. Hyperpigmentation of oral mucosa by capecitabine is a rare consequence of neoplastic therapy and your association with HFS is unclear, and poorly reported. The report of these events is important to alert oncology health teams about the individual tolerance to capecitabine therapy.