No segundo semestre de 1926 formou-se a Companhia Negra de Revistas, reunindo músicos e artistas de renome no Rio de Janeiro e em São Paulo. A trajetória da companhia surge como sendo de grande utilidade para os historiadores interessados na consolidação de uma auto-imagem do Brasil que privilegia os aspectos "mestiços" da nação. Primeiramente, a trajetória da companhia mostra a participação de negros como agentes de sua presença como símbolos nacionais, pois as peças da companhia valorizavam a cultura negra como cultura nacional, operação que tem sido apontada como atividade meramente de intelectuais brancos. Além disto, mostra ainda o lado transnacional desta valorização da cultura negra ocorrida nos anos 1920. Isto se dá quando se tem em mente que no mesmo período a(s) cultura(s) negra(s) fazia(m) grande sucesso em Paris, e negros norte-americanos se exibiam por todo o período para o público brasileiro como membros de companhias de teatro francês. A Companhia Negra de Revistas se mostra assim como um excelente ponto de partida para se repensar uma variedade de questões sobre etnicidade, nacionalidade, influências culturais transnacionais, participação popular na formação de um "caráter nacional", cidadania, entre outras.
The Companhia Negra de Revistas was founded in the second half of 1926, and included renowned musicians and artists in Rio de Janeiro and São Paulo. The trajectory of the company is of major importance to historians interested in consolidating an image of Brazil that stresses the "mestizo" aspects of the nation. In the first place, it shows the participation of Negroes and is an instrument for acknowledging them as a national symbol since the shows produced by the company valorized black culture as a national culture, as against considering it an activity performed only by white intellectuals. Secondly, it also shows the transnational aspect of valorizing Negro culture in the 1920s. Proof of this is that during that same period Negro culture(s) enjoyed great success in Paris, and Afro-Americans gave shows throughout those years to the Brazilian public as members of French theater companies. The Companhia Negra de Revistas is thus an excellent starting point for rethinking a number of questions on ethnics, nationality, transnational cultural influences, popular participation in founding a "national theater", citizenship , and so forth.
Pendant le deuxième semestre de 1926, s’est formée la Companhia Negra de Revistas, réunissant des musiciens et artistes fameux de Rio de Janeiro et de São Paulo. Le parcours de cette compagnie peut servir d’exemple aux historiens intéressés de tracer une image de soi du Brésil privilégiant les aspects de ses métissages. Tout d’abord, cette trajectoire montre la participation des Noirs en tant qu’agents d’une présence noire et comme symboles nationaux, puisque les pièces jouées par la compagnie promeuvent la culture noire au Brésil, où souvent la culture n’est vue que comme une affaire de Blancs. Ensuite, elle montre aussi le côté transnational de la valorisation de la culture noire survenue dans les années 1920. À l’époque, les cultures noires connaissaient un grand succès à Paris, des noirs nord-américains jouant sur les scènes brésiliennes comme acteurs de théâtre français. La Companhia Negra de Revistas est donc un excellent point de départ pour une révision des questions concernant l’ethnicité, la nationalité, les influences culturelles transnationales, la participation populaire dans la formation d’un "caractère national" et de la citoyenneté, entre autres.