OBJETIVO: Realizou-se estudo com base populacional na cidade de Bambuí, MG, com cerca de 15.000 habitantes, para determinar a prevalência e os fatores associados ao uso de automedicação. MÉTODOS: Foi selecionada uma amostra aleatória simples de 1.221 moradores com idade >18 anos: 796 relataram uso de medicamentos nos últimos 90 dias e foram incluídos no estudo (775 participaram). A coleta de dados foi feita por entrevistas domiciliares. Foram considerados três grupos de variáveis exploratórias: sociodemográficas, indicadores de condição de saúde e indicadores de uso de serviços de saúde. Para análise estatística, foram utilizados: teste de qui-quadrado de Pearson e odds ratio ajustados pelo método de regressão logística multinomial. RESULTADOS: Do total de participantes, 419 (54,0%) relataram ter consumido exclusivamente medicamentos prescritos por médicos nos últimos 90 dias, 133 (17,2%) consumiram medicamentos prescritos e não prescritos, e 223 (28,8%) consumiram, exclusivamente medicamentos não prescritos. Após ajustamento por variáveis de confusão, as seguintes variáveis apresentaram associações com o uso exclusivo de automedicação: sexo feminino (OR=0,6; IC95%=0,4-0,9); idade (OR=0,4; IC95%=0,3-0,6 e OR=0,2; IC95%=0,1-0,5 para 40-59 e >60 anos, respectivamente); >5 residentes no domicílio (OR=2,1; 1,1-4,0); número de consultas médicas nos últimos 12 meses (OR=0,2; IC95%=0,1-0,4 e OR=0,1; IC95%=0,0-0,1 para 1 e >2, respectivamente); consulta a farmacêutico nos últimos 12 meses (OR=1,9; IC95%=1,1-3,3) e relato de gastos com medicamentos nesse período (OR=0,5; IC95%= 0,3-0,8). CONCLUSÃO: Os resultados mostraram prevalência da automedicação semelhante à observada em países desenvolvidos, sugerindo que essa prática poderia atuar como um substituto da atenção formal à saúde.
OBJECTIVE: A population-based study was carried out in the municipality of Bambuí, Brazil (population: approx. 15,000 inhabitants), to determine the prevalence of self-medication and its associated factors. METHODS: A random sample of 1,221 residents aged >18 years was selected. Of these, 796 reported use of medications in the last 90 days and were selected for this study (775 participated). Data was collected through home interviews. Study variables were divided in 3 groups: social and economic, health status and health service use indicators. Statistical analysis was performed using Pearson's Qui-square test, and odds ratios adjusted by multinomial logistic regression. RESULTS: Of the total, 419 (54.0%) reported use of only prescribed medications, 133 (17.2%) took prescribed and over-the-counter medications, and 223 (28.8%) took only over-the-counter medications in the last 90 days. After adjusting for confounders, the following variables presented significant associations with exclusive use of self-medication: female sex (OR=0.6; IC95%=0.4--0.9); age (OR=0.4; IC95%=0.3--0.6 for 40-59 years old and OR=0.2; IC95%=0.1--0.5 for >60 years); >5 residents in the household (OR=2.1; 1.1--4.0); number of visits to a doctor in the previous 12 months (OR=0.2; IC95%=0.1--0.4 and OR=0.1; IC95%=0.0-0.1 for 1 visit and >2 visits, respectively); report of consulting a pharmacist in the previous 12 months (OR=1.9; IC95%=1.1--3.3); and reports of financial expenses with medications during this period (OR=0.5; IC95%=0.3--0.8). CONCLUSIONS: The study results show that the prevalence of self-medication in the studied community was similar to that observed in developed countries. These results also suggest that self-medication works in place of the formal health attention in this community.