De março de 1987 a fevereiro de 1988, foi estudada uma população de Sotalia fluviatilis da região estuarina lagunar de Cananéia, no litoral sudeste do Brasil. Padrões comportamentais foram observados e o tamanho populacional foi estimado. Foram realizadas 40 observações em pontos fixos (média de 7,76 ± 2,05 horas de observação cada, num total de 310,5) e através de 55 transectos lineares de barco (10 com 4,43 ± 0,15 horas de duração média cada e 45 com 20 minutos de duração média cada, totalizando 64,3 horas). Os golfinhos foram vistos nessa região ao longo de todo o ano, com um aumento no número de espécimens em janeiro de 1988, não mostrando um padrão sazonal. Usualmente, estiveram presentes em grupos pequenos, sendo os pares os mais freqüentes (ca. 30%). Filhotes também ocorreram ao longo de todo o ano, sempre acompanhados de um ou mais adultos. Jovens foram mais freqüentes entre julho e fevereiro. A maior quantidade de golfinhos foi vista entre 9 e 10 horas, completando 60,8% das observações até as 12 horas. Foram identificados 14 padrões comportamentais, sendo os padrões de deslocamento (46,8%) e de pesca (33,9%) os mais freqüentes. O tamanho do grupo e sua composição diferiram de acordo com cada padrão comportamental. Migrações diurnas foram observadas, com uma preferência horária e não relacionada às condições de maré. Os golfinhos foram vistos em todas as áreas da região estuarina. Para a área amostrada através dos 10 transectos lineares de maior duração, com 82 km de extensão (percorridos uma vez ao mês a partir de abril de 1987), a densidade populacional (<FONT FACE="Symbol"><img src="http:/img/fbpe/rbbio/v59n2/fd.gif"></FONT>) foi de 3,35 ± 1,76 indivíduos/km², sendo o número total estimado de 704,8 ± 367,7. Na Baía de Trapandé, a área mais larga da região estudada, <FONT FACE="Symbol"><img src="http:/img/fbpe/rbbio/v59n2/fd.gif"></FONT> foi de 12,4± 10,3 golfinhos/km², durante a parte da manhã, e de 16,4 ±13,8 golfinhos/km², durante a tarde.
From March 1987 to February 1988, Sotalia fluviatilis population size was estimated and behavioral patterns were observed in the Cananéia estuary region, in Southeast Brazil. Field observations were carried out from shore (40, with a mean observation period of 7.76 ± 2.05 hours a day, completing a total of 310.5 hours) and during line transect surveys by boat (55, 10 of them with a mean observation period of 4.44 ± 0.15 hours each and 45 with a mean observation time of 20 minutes, in the totality 64.3 hours). Dolphins occur in this region all year round, most commonly in small groups, with a greater number observed in January 1988, with no seasonal occurrence pattern. Pairs accounted for ca. 30% and calves were seen year round, always accompanied by one or more adults. Juveniles were slightly more common from July to February. More dolphins were seen from 9:00 a.m. to 10:00 a.m. (60.8%) until midday. From fourteen behavioral patterns identified, travelling (46.8%) and feeding (33.9%) were the most frequently observed. Group size and composition differed in each behavioral pattern. Diurnal migration was observed, related with hour and not to tide conditions. Dolphins were seen throughout the estuary. For the whole survey area, population density <FONT FACE="Symbol">(<img src="http:/img/fbpe/rbbio/v59n2/fd.gif"></FONT>) was 3.38 ± 1.76 individuals/km², dolphin abundance was found to be 704.8± 367.7 along 10 line transect from April 1987 from, where 82 km were surveyed. In Trapandé Bay, the largest part of the studied area, <FONT FACE="Symbol"><img src="http:/img/fbpe/rbbio/v59n2/fd.gif"></FONT>equaled 12.4 ± 10.3 individuals/km² in the morning and 16.4 ± 13.8 individuals/km² in the afternoon.