Resumo Este artigo faz uma crítica do romance juvenil Oiobomé: a epopeia de uma nação, do escritor carioca Nei Lopes (1942-). Partindo do pressuposto de que a obra foi concebida como narrativa de utopia e, ao mesmo tempo, narrativa pedagógica, com vistas a combater o racismo, a crítica mostra que as limitações criadas pela lógica da nação dirimem o tom utópico do romance, possibilitando mesmo que seja lido como uma narrativa de distopia. Pari passu, com base em ideias de Paul Gilroy e, principalmente, de Édouard Glissant a respeito da maneira mais produtiva de, hoje em dia, serem concebidas narrativas utópicas que vislumbrem um mundo onde o racismo e outras desigualdades sociais estejam superadas, chega-se aos conceitos de novo épico e de lógica da relação. As ideias que tais expressões definem são ilustradas pelo confronto entre os universos ficcionais do romance Oiobomé e do filme Pantera Negra, ao final do qual se evidencia por que o primeiro, ao contrário do segundo, não se encaixa nesses conceitos.
Abstract This paper analyses the young adult novel Oiobomé, by Nei Lopes (1942-). We argue that the novel was imagined as both a utopian and a pedagogical narrative, in order to confront racism. The limitations created by the logic of nationalism, however, nullify the utopian tone of the novel, allowing for a dystopian reading of the narrative. This paper highlights Édouard Glissant’s concepts of new form of epic and the logic of relation in an attempt to think through the most productive means of creating utopian narratives in the present. These ideas are illustrated by opposing the fictional universes of Oiobomé and the film Black Panther, arguing that the latter fits within Glissant’s concepts, while the former does not
Resumen Este trabajo hace una crítica de la novela juvenil Oiobomé, del escritor brasilero Nei Lopes (1942-). Presuponiendo que la obra fue concebida como una narrativa de utopía y, al mismo tiempo, una narrativa pedagógica, con el objetivo de combatir el racismo, la crítica enseña que las limitaciones creadas por la lógica de la nación disminuyen la fuerza utópica del libro, hasta el punto en que él puede ser leído como una narrativa de distopía. Además, pensando acerca de las maneras más productivas de crear narrativas de utopía hoy día, el trabajo presenta los conceptos de nuevo épico y de lógica de la relación, de Édouard Glissant. Las ideas que tales expresiones definen son ilustradas por la oposición entre los universos ficcionales de Oiobomé y de la película Pantera Negra. Al final, lo que queda en evidencia es que, entre esas dos narrativas, la segunda es aquella que se adecúa a los conceptos de Glissant.