Realizamos uma análise retrospectiva do tratamento cirúrgico da dissecção aguda da aorta do tipo A no período compreendido entre janeiro de 1986 a dezembro de 1996. Foram tratados 64 pacientes com idade média de 52,6 ± 10,9 anos, sendo a maioria do sexo masculino (64,1%). Em 17 casos (26,6%) havia rotura intrapericárdica da dissecção; a fenda de origem da dissecção encontrava-se na aorta ascendente em 58 pacientes (90,6%) e no arco aórtico nos demais (9,4%). O tratamento básico compreendeu a ressecção da aorta ascendente com substituição por prótese de pericárdio bovino, embora outras técnicas tenham sido empregadas em um pequeno número de pacientes, no início de nossa experiência. A hipotermia profunda com parada cardiocirculatória foi usada em 32,8% dos pacientes, de forma crescente nos últimos anos. A valva aórtica do paciente foi preservada em 76,5% das vezes. A mortalidade global foi de 28,1% (18 pacientes), porém significativamente menor nos últimos 4 anos (17,8%). Na evolução tardia houve 4 óbitos, sendo 2 de causa indeterminada e os outros 2 por AVC e embolia pulmonar, respectivamente. Reoperações foram necessárias em 7 pacientes, sem mortalidade, sendo a causa principal da reoperação a progressão da insuficiência aórtica. Nesse período de observação não houve falência estrutural das biopróteses nem dos enxertos de pericárdio bovino. Esta experiência nos reforça uma tática mais radical no tratamento das dissecções agudas do tipo A, com maior liberdade na substituição da valva aórtica e na utilização da hipotermia profunda em quase todos os pacientes.
A retrospective analysis of the surgical treatment of Type A acute aortic dissection was performed during the period Jan.86 and Dec.96. A total of 64 patients were operated on (mean age 52.6 + 10.9 years) with predominance of the male gender (64.1%). In 17 cases there was intrapericardial rupture of the dissection; the intimal tear was located in the ascending aorta in 58 patients (90.6%) and in the aortic arch in the remaining (9.4%). The basic surgical procedure consisted of extensive resection of the ascending aorta with substitution by a bovine pericardial conduit. However, other techniques were employed in a few patients in the beginning of our experience. Deep hypothermia with circulatory arrest was used in 32.8% of the patients, but with increasing frequency in the last years. The native aortic valve was preserved in 76.5% of patients. Total hospital mortality was 28.1% (18 patients), but was significatively lower in the last 4 years (17.8%). Late follow-up showed 4 deaths; CVA and pulmonary embolism were responsible for two of these deaths, respectively. The cause could not be determined in the other two. Reoperations were necessary in 7 patients without mortality; progressive aortic insufficiency was the major indication for reoperation. Structural failures of bioprosthesis and bovine pericardial grafts were not recorded during this period. This experience reinforces our approach to a more radical treatment of Type A acute aortic dissection with probably more use of aortic valve replacements and deep hypothermia with circulatory arrest.