Resumo O artigo considera a força estético-política de um imaginário associado à infância no trabalho do artista contemporâneo Christian Boltanski na pequena cidade francesa de Vitteaux, onde criou um teatrinho de sombras a céu aberto, projetando nas fachadas das casas, quando anoitece, imagens de bruxas, gatos pretos, morcegos, caveiras. Investiga-se essa coleção de monstros de feição infantil em reflexão cruzada com o pensamento de Walter Benjamin sobre a potência dos encontros repentinos com o mundo esquecido da infância. Ao promover um diálogo entre os dois autores, busca-se evidenciar articulações entre práticas estéticas e práticas políticas para pensar como o campo da infância pode ensejar novos modos de configurar, de sentir e de partilhar um ambiente em comum.
Abstract The article considers the aesthetic and political power of a childhood imagery in the work of contemporary artist Christian Boltanski. In the small French town of Vitteaux, he created an outdoor shadow theatre, projecting images of witches, black cats, bats and skulls on the facades of houses at night. We propose to examine Boltanski's collection of childish monsters through a reading of Walter Benjamin's thoughts on the forgotten world of childhood and the potentiality of coming through its sudden contact. By bringing these authors together, we want to show how aesthetic practices and political practices are intertwined and how the field of childhood can give rise to new ways of making, feeling and sharing a common environment.
Résumé L'article fait remarquer la force esthétique-politique d'un imaginaire associé à l'enfance, dans le travail de l'artiste contemporain Christian Boltanski, dans la petite ville française de Vitteaux, où il a monté un petit théâtre d'ombres en plein air, en projetant sur les façades des maisons, à la tombée de la nuit, des images de sorcières, de chats noirs, de chauves-souris, de têtes de mort. On cherche, dans cette collection de monstres d'aspect enfantin, des rapports avec la pensée de Walter Benjamin sur la force des rencontres inattendues avec le monde oublié de l'enfance. En réalisant une rencontre entre les deux auteurs, on cherche à mettre en évidence des articulations entre des pratiques esthétiques et des pratiques politiques pour penser comment le champ de l'enfance peut éveiller de nouveaux moyens de caractériser, de sentir et de partager une ambiance en commun.