Um estudo da morbidade através de exames clínicos, eletrocardiográficos, radiológicos, sorológicos, xenodiagnósticos e outros exames laboratoriais seriados, foi feito em 510 pacientes com sorologia positiva para doença de Chagas, procedentes de vários Estados do Brasil e observados no Rio de Janeiro a partir de 1960. Os pacientes foram classificados, de acordo com a forma clínica, em assintomáticos (forma indeterminada), cardíacos, portadores de "megas" ou com formas clínicas associadas. Foi observada uma prevalência de cardiopatia em 52,1% dos pacientes, de "megas" em 14,3% e de associação entre cardiopatia e "megas" em 10,7% e entre megaesôfago e megacolon em 10,9% dos casos. A forma indeterminada (assintomática) foi observada em 39% dos pacientes. A proporção de casos de cardiopatia aumentou progressivamente da 1ª a 5ª décadas de vida, enquanto a dos "megas" continuou aumentando até a 7ª década. Entretanto, em número de casos o pico de ambas as formas ocorreu na 4ª década. Não houve diferenças significativas de formas clínicas com relação ao sexo, apesar de uma discreta predominância de cardiopatia no sexo masculino e de "megas" no sexo feminino. Com relação à raça, entre os pacientes classificados como brancos, pretos e mestiços, não foi possível determinar a significância entre as diversas formas clínicas, por desconhecimento da constituição do universo da procedência de cada paciente. Embora o reduzido número de casos não possa ser considerado como representativo da prevalência das fomas clínicas nas regiões de origem dos pacientes, tomando-se os quatro Estados representados com maior número de casos, verificou-se que as proporções de cardiopatia e "megas" foram respectivamente de 65,7 e 20,1% nos casos procedentes da Bahia, de 55,7 e 14,7% nos de Minas Gerais, de 50,9 e 15% nos de Pernambuco e de 23,3 e 0% nos procedentes da Paraíba. O reduzido número de casos procedentes dos demais Estados não permitiu qualquer inferência de proporção entre as formas...
A study of morbidity was made among 510 patients with positive serology for Chagas' disease, originating from various states in Brazil. The study began in 1960 when the patients were submitted, in Rio de Janeiro, to clinical, electrocardiographic and radiological examinations as well as to serological, xenodiagnostic and other serial laboratory tests. The patients were classified according to their clinical state as: asymptomatic (indeterminate form), cardiac, and carriers of "megas" or associated clinical forms. The prevalence of cardiopathy was 52.1% and of "megas" was 14,3%. An association of cardiopathy and "megas" was observed in 10.7% of the patients whereas the association of megacolon and megaesophagus appeard in 10.9% of the cases. The indeterminate form (asymptomatic) was observed in 39% of the patients. The proportion of cardiopathic cases increased progressively between the first and the fifth decade of life, whereas the proportion of "megas" increased until the 7th decade. However, the highest number of cases in both forms appeard during the 4th decade of life. No significant differences were observed among the clinical forms by sex, in spite of a discrete predominance of cardiopathy in the male and of "megas" in the female. In relation to the patient's race (whites, blacks and of mixed race, it was not possible to observe a significant correlation with the different clinical forms since constitution of the cohort's origin was unknown. Even if the smal number of cases cannot be considered as representative of the clinical form prevalent in the area of origin, using te data of the four states with the larger number of cases, we observed that the proportion of cardiopathy/"megas" was respectively 65.7% and 20.1% in Bahia, 55.7% and 14.7% in Minas Gerais, 50.9% and 15% in Pernambuco and 23,.% and 0% in Paraíba. The small number of cases from the other states didi not permit any estimation of the proportion of every clinical form.