Ao considerar a existência de diferentes tipos de violência e priorizando a violência coletiva, o artigo apresenta um breve exame de algumas teorias sociológicas sobre a violência, consideradas a partir de três paradigmas clássicos, aí compreendidas as análises que privilegiam a dimensão instrumental, as que veem na violência resposta ou reação a situações de crise e, finalmente, aquelas que insistem na ideia de uma cultura da violência. Os três paradigmas guardam um viés determinista, dificultando às ciências sociais melhor se capacitarem para esclarecer as condições que tornam a violência possível. O artigo ressalta ainda a importância de evitar o psicologismo e o sociologismo na análise da violência, apresentando duas outras orientações: na primeira, discute o interacionismo - com o componente da intersubjetividade - indicando alguns de seus aspectos positivos e, sobretudo, seus limites; na segunda, ressalta a orientação teórica centrada no sujeito, na subjetividade e, principalmente, nos processos de subjetivação e dessubjetivação. Postula a necessidade de definir os conceitos de subjetividade, sujeito, subjetivação e dessubjetivação, definindo, com esse propósito, quatro figuras de sujeito que podem até mesmo coexistir no mesmo ator. Demonstra, enfim, a insuficiência do conceito de sujeito e propõe passar, na análise, do enfoque no sujeito e na subjetividade ao enfoque nos processos de subjetivação e dessubjetivação, evitando a essencialização ou naturalização do sujeito.
This paper examines briefly some sociological theories about violence, taking into account that there are different types of violence, and focusing specifically on collective violence. The analysis departs from three classic paradigms: the instrumental dimension; the interpretation of violence as an answer or a reaction to some situation, especially a crisis; and finally those studies that insist on the idea of a culture of violence. These three paradigms contain a deterministic bias which postulates a causality or a collection of causes to explain violence, thus making it difficult for the social sciences to clarify the conditions that make violence possible. The paper also emphasizes the importance of avoiding "psychologisms" and "sociologsms" in the analysis of violence, introducing instead two other perspectives: in the first one, interactionism is discussed - with the intersubjectivity component - indicating some of its positive aspects, and, above all its limits; the focus of the second one is a theoretical view centered on the subject (actor, individual), the subjectivity and the desubjectivity. The need for a definition of the concepts of subjectivity, subject, subjectivation and desubjectivation is postulated, whilst four types of subject hat may co-exist within the same actor are proposed. Finally, the paper shows the shortcoming of the concept of subject and proposes an analysis based instead on the subjectivity and the subjectivation and desubjectivation processes, avoiding the essentialization or naturalization of the subject.
Étant donné l'existence de différents types de violence et, surtout, en mettant en relief la violence collective, cet article présente un bref examen de quelques théories sociologiques au sujet de la violence, considérées à partir de trois paradigmes classiques, y inclus les analyses qui privilégient la dimension instrumentale, celles qui voient dans la violence une réponse ou une réaction a des situations de crise et, à la fin, celles qui insistent sur l'idée d'une culture de violence. Les trois paradigmes renferment un biais déterministe qui fait obstacle à que les sciences sociales soient bien préparées afin de montrer les conditions qui rendent la violence possible. Cet article met en relief aussi l'importance d'éviter le psychologisme et le sociologisme lorsque l'on fait l'analyse de la violence. Il présente deux orientations différentes: dans la première, il discute l'interaccionisme - y inclus l'intersubjectivité - et montre quelques aspects positifs, surtout, quelques limites; dans la seconde, Il met en relief l'orientation théorique centrée dans le sujet, dans la subjectivité et, surtout, dans le processus de subjectivation et de désubjectivation. Il postule le besoin de définir les concepts de subjectivité, de sujet, de subjectivation et de désubjectivation et il définit, au moyen de ce propos, quatre types de sujet qui peuvent même coexister dans un seul acteur. Il explicite, à la fin, l'insuffisance du concept de sujet et Il propose passer, dans cette analyse, de l'évidence sur le sujet et sur la subjectivation à l'évidence sur les processus de subjectivation et de désubjecvation et, par conséquence, éviter l'essencialisation ou la naturalisation du sujet.