RESUMO Este estudo é um desdobramento de uma pesquisa de Doutorado em Educação sobre a história de vida de indivíduos com surdocegueira adquirida, conforme Lupetina (2019). O artigo tem como objetivo trazer a narrativa dos surdocegos referente à trajetória educacional vivenciada por eles. Participaram, desta pesquisa, sete surdocegos de diferentes estados brasileiros que narraram sobre as suas vidas a partir da própria percepção, trazendo o protagonismo dos surdocegos como lugar de fala. As formas de comunicação utilizadas pelos surdocegos durante as entrevistas foram: Língua Brasileira de Sinais (Libras) tátil, Libras em campo reduzido, fala ampliada, fala estando perto e Tadoma. Os resultados indicaram que, apesar de trajetórias diferentes, os relatos possuem pontos em comum, como a insistência na oralização e na leitura labial para os surdocegos que possuem resíduo visual, em vez do incentivo ao uso da Libras; a ausência de profissionais especializados e materiais adaptados; e serem os únicos surdocegos nos espaços escolares em que estudaram. O estudo conclui que o protagonismo do surdocego em pesquisas acadêmicas ainda é muito raro e que o processo de inclusão escolar tem muito a caminhar, pois são pessoas que necessitam ter voz e direitos como cidadãos.
ABSTRACT This study is an unfolding of a Doctoral research in Education about the life history of individuals with acquired deafblindness, according to Lupetina (2019). The article aims to bring the narrative of the deafblind regarding the educational trajectory experienced by them. Seven deafblind people from different Brazilian states participated in this research, who narrated about their lives from their own perception, bringing the protagonism of the deafblind as a place of speech. The forms of communication used by the deafblind during the interviews were: Brazilian Sign Language tactile, Brazilian Sign Language in reduced field, extended speech, near speech and Tadoma. The results indicated that, despite different trajectories, the reports have points in common, such as: insistence on oralization and lip reading for deafblind people who have visual residue, instead of encouraging the use of Brazilian Sign Language; absence of specialized professionals and adapted materials, and being the only deafblind people in the school spaces where they studied. The study concludes that the role of the deafblind in academic research is still very rare and that the process of school inclusion has a long way to go, as they are people who need to have a voice and rights as citizens.