RESUMO A secreção cutânea de anuros da família Bufonidae tem grande potencial na busca de novos compostos ativos para utilização como fármacos candidatos no tratamento de algumas doenças, entre elas o câncer. Neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar a atividade citotóxica e antimutagênica dos extratos da secreção da glândula parótida de Rhinella marina e Rhaebo guttatus, bem como a análise bioquímica de transaminases e creatinina séricas, para avaliar dano hepático e renal, respectivamente. A avaliação de citotoxicidade foi realizada pelo método colorimétrico baseado no MTT (3-[4, 5-dimethyl-2-thiazolyl]-2, 5-diphenyl-2H-tetrazolium bromide), com diferentes concentrações dos extratos em culturas de células do Tumor de Walker ou células esplênicas de rato e camundongo. O teste do micronúcleo foi realizado com camundongos Swiss machos que receberam tratamento oral com os extratos durante 15 dias, seguido de tratamento intraperitoneal com N-etil-N-nitrosuréia (50 mg kg-1). A frequência de eritrócitos policromáticos micronucleados (PCEMN) foi determinada em medula óssea. Os extratos apresentaram ação citotóxica nas células avaliadas. Houve uma redução significativa na frequência de PCEMN (R. marina = 56% e R. guttatus = 75%, p < 0,001), observando-se um potencial antimutagênico dos extratos. Os grupos tratados somente com os extratos apresentaram um aumento na frequência de PCEMNs, evidenciando um potencial mutagênico. As análises bioquímicas não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos. Assim, nas condições experimentais testadas, as secreções cutâneas de R. marina e R. guttatus apresentaram potencial quimiopreventivo para câncer.
ABSTRACT The skin secretion from toads of the Bufonidae family has great potential in the search for new active compounds to be used as drug candidates in treating some diseases, among them cancer. In this context, this study aimed to evaluate the cytotoxic and antimutagenic activity of the parotoid gland secretion extracts of Rhinella marina and Rhaebo guttatus, as well as biochemically analyze transaminases and serum creatinine for liver and renal damage, respectively. Cytotoxicity was performed by the colorimetric method based on MTT (3- [4, 5-dimethyl-2-thiazolyl]-2, 5-diphenyl-2H-tetrazolium bromide) with different concentrations of the extracts in Walker or splenic tumor cell cultures from rats and mice. The micronucleus test was performed with male Swiss mice treated orally with the extracts for 15 days, and then intraperitoneally with N-ethyl-N-nitrosurea (50 mg kg-1). Micronucleated polychromatic erythrocytes (MNPCE) were evaluated in bone marrow. The extracts showed cytotoxic activity in the evaluated cells. There was a significant reduction in the frequency of MNPCE (R. marina = 56% and R. guttatus = 75%, p < 0.001), indicating antimutagenic potential of the extracts. The groups treated only with extract showed an increase in MNPCE frequency, evidencing mutagenic potential. Biochemical analyzes showed no significant difference between treatments. Thus, under our experimental conditions, the extracts of R. marina and R. guttatus skin secretions presented chemopreventive potential for cancer.