OBJETIVO: avaliar o efeito da obesidade sobre a função das célulasbeta pancreáticas de pacientes portadoras de síndrome dos ovários policísticos (SOP). MÉTODOS: estudo transversal no qual foram avaliadas 82 pacientes portadoras de SOP, selecionadas de forma consecutiva, no momento do diagnóstico de SOP. Pacientes com índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m² foram consideradas SOP obesas (n=31). Valores de índice de massa corporal menores que este limite foram consideradas SOP não-obesas, o que correspondeu a 51 mulheres. Foram utilizadas a glicemia e a insulina de jejum para cálculo da função das células beta pancreáticas (HOMA-%beta-Cell) e da resistência à insulina (HOMA-IR e QUICKI) entre os grupos. Analisaram-se, também, variáveis secundárias como idade, idade da menarca, níveis séricos hormonais (testosterona, prolactina, LH e FSH) e de colesterol total, triglicerídeos, HDL colesterol e LDL-colesterol. RESULTADOS: a idade da menarca das pacientes obesas com SOP (11,7±1,8 anos) foi menor que as não-obesas (12,7±1,9) (p<0,05). As SOP obesas tiveram LH inferior (7,9±5,0 mUI/mL) ao valor encontrado nas não-obesas (10,6±6,0 mUI/mL) (p<0,05). Ambos os grupos apresentaram a média de HDL colesterol inferior a 50 mg/dL. As pacientes obesas apresentaram insulina basal (32,5±25,2 mUI/mL) e glicemia de jejum (115,9±40,7 mg/dL) mais elevadas que as não-obesas (8,8±6,6 mUI/mL e 90,2±8,9 mg/dL, respectivamente) (p<0,01). No grupo SOP obesas, a freqüência de resistência à insulina foi de 93 versus 25% no grupo SOP não-obesas (p<0,01). Foi verificada hiperfunção das células beta do pâncreas em 86% das obesas com SOP contra 41% das não-obesas portadoras de SOP (p<0,0001). CONCLUSÕES: as pacientes com SOP obesas apresentaram freqüência mais alta de resistência à insulina e hiperfunção de células beta do pâncreas quando comparadas com pacientes SOP não-obesas.
PURPOSE: to evaluate the effect of obesity on beta-cell function in patients with polycystic ovary syndrome (PCOS). METHODS: this cross-section study evaluated 82 patients with PCOS selected consecutively, at the moment of the diagnosis. We compared 31 PCOS obese women (BMI >30 kg/m²) to 51 age-matched PCOS nonobese patients (BMI <30 kg/m²). Using fasting glucose and insulin levels, homeostatic model assessment values for insulin resistance (HOMA-IR and QUICKI) and percent beta-cell function (HOMA-%beta-cell) were calculated. As secondary variables, the age at PCOS diagnosis, age of menarche, hormonal levels (testosterone, prolactin, FSH and LH), total cholesterol, triglycerides, HDL cholesterol and LDL cholesterol were also analyzed. RESULTS: menarche was significantly earlier in obese PCOS patients (11.7±1.8 years) than in nonobese patients (12.67±1.86 years) (p<0.05). Obese patients presented lower LH levels (7.9±5 mIU/mL) than did nonobese patients (10.6±6 mIU/mL) (p<0.05). Both groups presented mean HDL cholesterol levels below 50 mg/dL. Obese patients presented significantly higher baseline insulin levels (32.5±25.2 mIU/mL) and fasting blood glucose levels (115.9±40.7 mg/dL) than did nonobese patients (8.8±6.6 mIU/mL and 90.2±8.9 mg/dL, respectively) (p<0.01). Of the obese PCOS patients, 93% presented insulin resistance versus 25% of nonobese PCOS patients (p<0.01). Eighty-six perecent of the obese women had hyperfunction of beta-cell versus 41% of nonobese with PCOS (p<0.0001). CONCLUSIONS: obese PCOS patients presented higher prevalence of insulin resistance and hyperfunction of beta-cell than did nonobese PCOS patients.