INTRODUÇÃO: O impacto da terapia antirretroviral altamente ativa na progressão da fibrose hepática em pacientes co-infectados com HIV e hepatite C não está totalmente esclarecido. Marcadores não-invasivos de fibrose hepática podem ser considerados promissores no estadiamento e na monitorização da sua evolução. MÉTODOS: Um total de 24 pacientes, divididos em dois grupos: 12 monoinfectados por HIV e 12 co-infectados com HIV e HCV foram acompanhados de julho de 2008 a agosto de 2009, desde o início de HAART, a cada três meses, com avaliação de dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, assim como o cálculo do índice da relação aspartato aminotransferase sobre plaquetas. O objetivo deste estudo foi comparar a progressão de APRI, marcador não-invasivo de fibrose hepática, entre populações portadoras do vírus do HIV e co-infectados com HIV e HCV. RESULTADOS: Os grupos estudados não mostraram diferenças quando avaliados idade, sexo, medida de CD4 e carga viral para HIV em todas visitas, tipo de HAART e APRI antes do início de HAART. O grupo de pacientes co-infectados com HIV e HCV apresentava APRI significativamente maior que o grupo de monoinfectados por HIV no terceiro (0,57 + 0,31 x 0,27 + 0,05, p = 0,02) e sexto mês (0,93 + 0,79 x 0,28 + 0,11, p = 0,04). CONCLUSÕES: Neste estudo, HAART foi associado com aumento de APRI no terceiro e sexto mês de seguimento nos pacientes co-infectados, sugerindo que nestes pode estar ocorrendo hepatotoxicidade cumulativa e síndrome inflamatória da reconstituição imune após início dos antirretrovirais.
INTRODUCTION: The impact of highly active antiretroviral therapy (HAART) on hepatic fibrosis progression in HIV and hepatitis C virus coinfected patients is not completely understood. Noninvasive hepatic fibrosis markers show great promise in determining liver fibrosis staging and monitoring disease progression. METHODS: Twenty-four patients divided equally into two groups: 12 HIV-monoinfected and 12 with HIV/HCV coinfected patients, were followed from July 2008 to August 2009, after initiating HAART, with clinical, epidemiological and laboratorial assessments every 3 months and calculation of the aspartate aminotransferase to platelet ratio index (APRI). This study aimed to compare the progression of APRI, a noninvasive hepatic fibrosis marker, among populations with HIV and HIV/HCV coinfection. RESULTS: No differences were observed between the groups regarding age, sex, measurement of CD4 and HIV viral load in all consultations, type of HAART and APRI before initiating HAART. Coinfected patients showed a significantly higher APRI than the monoinfected group in month 3 (0.57 ± 0.31 x 0.27 ± 0.105, p = 0.02) and 6 (0.93 ± 0.79 x 0.28 ± 0.11, p = 0.04). CONCLUSIONS: In the present study, HAART was associated with APRI increases over six months follow-up in HIV/HCV coinfected patients, suggesting that these may be experiencing cumulative hepatotoxicity and immune reconstitution inflammatory syndrome after initiating antiretroviral drugs.