Resumo A inserção de psicólogos/as nas instituições de saúde, tais como hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS), ocorreu em um contexto histórico-político-econômico específico e, desta forma, esteve voltada a atender às demandas do sistema de produção vigente. Esse processo exigiu dos profissionais algumas readequações de práticas clínicas tradicionais e utilização de outras modalidades de intervenções, como a psicoterapia breve e o plantão psicológico. Frente a isso, objetivamos expor as contribuições do existencialismo sartriano para a prática de atendimentos psicológicos de curta duração em instituições públicas de saúde, buscando mostrar que a proposta da psicanálise existencial realizada por Sartre e a utilização do método progressivo-regressivo proposto pelo autor não são restritas ao campo e à prática da psicoterapia tradicional. Por permitirem a compreensão da realidade humana em sua riqueza, dinamicidade e historicidade, podem contribuir sobremaneira para a realização de atendimentos psicológicos breves em instituições públicas de saúde, onde se pode encontrar uma ampla variedade de demandas e grande diversidade de queixas. Enfatiza-se ainda as contribuições do existencialismo sartriano para o contexto da saúde pública como um todo, na medida em que reforça valores defendidos por importantes políticas de saúde; desconstrói visões mecanicistas e biologizantes, ainda hoje tão presentes nos contextos institucionais de saúde; e auxilia a fortalecer uma visão ampliada da saúde, importante para a construção de práticas mais humanizadas e para uma maior responsabilização do sujeito no desenvolvimento de estratégias pessoais e coletivas de enfrentamento das dificuldades relacionadas aos processos de saúde/doença.
Abstract Having occurred within a specific historical, political, and economic context, the introduction of Psychologists in health institutions such as hospitals and Basic Health Units (BHUs) sought to meet the demands of the current production system. With this insertion, traditional clinical practices had to be readapted and other intervention modes employed, such as brief psychotherapy sessions and psychological on-call shifts. Recent studies indicate the contributions of Sartrean Existentialism for brief psychological care offered in public health institutions, showing that Sartre’s Existential Psychoanalysis and the Progressive-Regression Method are not limited to the field and practice of traditional psychotherapy. For understanding human concreteness in all its richness, dynamicity, and historicity, these practices contribute to the performance of brief psychological care sessions in public health institutions, where they meet a great variety of demands and a wide diversity of complaints. Besides psychological care, this study also emphasizes the contributions of Sartrean existentialism to the context of public health as a whole, given that it reinforces values defended by important health policies; deconstructs mechanistic and biologizing views still rather prevalent within institutional health contexts; and helps to strengthen a broader perspective of health - important for the development of more humanized practices and for a greater accountability of the subject in developing personal and collective strategies to face difficulties related to the health/disease processes.
Resumen La inserción de psicólogos/as en las instituciones sanitarias, tales como hospitales y Unidades Básicas de Salud (UBS), ocurrió en un contexto histórico-político-económico determinado para atender las demandas del sistema de producción vigente. La introducción de los profesionales en esos contextos exigió readecuaciones de prácticas clínicas tradicionales y utilización de otras modalidades de intervenciones como la psicoterapia breve y la guardia psicológica. Ante lo anterior, en este texto pretendemos exponer las contribuciones del existencialismo sartriano a la práctica de atención psicológica de corta duración en instituciones públicas sanitarias con el fin de evidenciar que la propuesta del psicoanálisis existencial realizada por Sartre y su método progresivo-regresivo no son restrictos al campo y a la práctica psicoterápica tradicional y, al posibilitar la comprensión de la realidad humana en su riqueza, dinamicidad e historicidad, pueden contribuir inmensamente con la realización de atención psicológica breve en instituciones públicas de salud, donde se encuentra una amplia variedad de demandas y diversidad de quejas. También se enfatizan las contribuciones del existencialismo sartriano al contexto de la salud pública en general, ya que refuerza los valores defendidos por importantes políticas de salud; deconstruye puntos de vista mecanicistas y biologizantes, todavía presentes en contextos institucionales de salud en la actualidad; y ayuda a fortalecer una visión más amplia de la salud, importante para la construcción de prácticas más humanizadas y para una mayor responsabilidad del tema en el desarrollo de estrategias de afrontamiento personales y colectivas, para enfrentar las dificultades relacionadas con los procesos de salud/enfermedad.