Resumo Este estudo buscou compreender a experiência do primeiro aprisionamento no sistema penitenciário e identificar os comportamentos adaptativos desencadeados a partir desse contexto estressor. A amostra foi composta por 61 detentos, divididos em dois grupos: G1 (internos provisórios, n = 42) e G2 (internos sentenciados, n = 19). Utilizou-se um questionário sociodemográfico e criminal, além da técnica de evocação livre de palavras com os termos indutores “prisão” e “futuro”. As evocações foram analisadas com o auxílio do software OpenEvoc e os demais dados com o SPSS. Os resultados mostraram que, a partir do termo indutor “prisão”, o conteúdo evocado pelos dois grupos revelou a instituição como um lugar difícil de se viver, de adoecimento e de sofrimento físico e psicológico. Já a partir do termo “futuro”, observou-se que ambos apresentaram expectativas positivas para o recomeço de suas vidas em liberdade, tais como ter responsabilidade, fé, estar próximo da família e sentir-se reinserido socialmente por meio do trabalho e dos estudos. Em resumo, mesmo diante do impacto do aprisionamento, foi perceptível no conteúdo evocado a existência de fatores considerados protetivos na adaptação do indivíduo à vida na prisão. Finalmente, acredita-se que, a partir do discurso evocado, profissionais da saúde e de áreas afins possam identificar fatores de risco e de proteção que deem suporte à atenção e aos cuidados prestados à saúde física e mental dos detentos ou em condição de primeiro encarceramento.
Abstract This study sought to understand the experience of the first imprisonment in a penitentiary system and to identify adaptive behaviors triggered by this stressful context. The sample consisted of 61 inmates who were divided into two groups: remand prisoners (G1, n = 42) and convicted prisoners (G2, n = 19). Data was collected by means of a sociodemographic and criminal questionnaire and by the free evocation technique, based on the inductive terms “prison” and “future”. Sociodemographic data was analyzed using the SPSS and evocations were analyzed using the OpenEvoc software. The content evoked from the term “prison” denoted the prison facility as a difficult place to live for both groups, causing illness and physical and psychological suffering. As for the the term “future”, both groups showed positive expectations for the resumption of their lives in freedom, including having responsibility, faith, being close to their families, and being socially reinserted through work and studies. Despite the impact of the imprisonment, the content evoked in prisoners’ reports indicated the existence of protective factors in the adjustment to the life in prison. These evoked discourses may function as instruments for professionals from health and related areas to identify risk and protection factors that support the physical and mental healthcare provided for incarcerated individuals or those experiencing first imprisonment.
Resumen Este estudio pretende comprender la vivencia de primer encarcelamiento en el sistema penitenciario e identificar los comportamientos adaptativos que se desencadenan en este contexto estresante. La muestra fue compuesta por 61 detenidos, los cuales se dividieron en dos grupos: G1 (internos provisionales, n = 42) y G2 (internos sentenciados, n = 19). Se utilizó el cuestionario sociodemográfico y criminal, y la técnica de evocación libre de palabras con los términos inductores “prisión” y “futuro”. Para el análisis de las evocaciones se utilizó el software OpenEvoc, y para los demás datos el SPSS. Los resultados mostraron que, en lo que se refiere al término inductor “prisión”, el contenido evocado por ambos grupos reveló la institución como un lugar difícil de vivir, de enfermedad y de sufrimiento físico y psicológico. En cuanto al término “futuro”, ambos grupos presentaron expectativas positivas para reanudar sus vidas en libertad, tales como tener responsabilidad, fe, estar cerca de la familia y sentirse inserido socialmente por medio del trabajo y de los estudios. En resumen, a pesar del impacto del encarcelamiento se observa la existencia de factores considerados protectores para la adaptación del individuo a la vida en la prisión. Se espera que estos resultados puedan ayudar a profesionales de la salud y de áreas afines a identificar factores de riesgo y de protección para la atención y cuidados prestados a la salud física y mental de los prisioneros o en condición de primer encarcelamiento.