Este trabalho tem como foco a consulta ginecológica. Investiga-se o acesso a estas consultas entre mulheres residentes em Belo Horizonte, com idades de 18 a 59 anos, bem como suas percepções sobre este acesso. O estudo foi desenvolvido em duas etapas: uma análise quantitativa por meio do método Grade of Membership (GoM), buscando delinear perfis de mulheres de 18 a 59 anos, que realizaram e não realizaram a consulta ginecológica nos 12 meses anteriores à pesquisa; e uma análise qualitativa, com base em 33 entrevistas semi-estruturadas, buscando captar a percepção que mulheres com características similares aos perfis extremos delineados na primeira etapa tinham sobre a consulta ginecológica. Os dados quantitativos são oriundos da pesquisa SRSR (Saúde Reprodutiva, Sexualidade e Raça/cor), realizada pelo Cedeplar em 2002. Já os dados qualitativos são provenientes da pesquisa "Aspectos quantitativos e qualitativos acerca do acesso à contracepção e ao diagnóstico e tratamento do câncer de colo uterino: uma proposta de análise para o município de Belo Horizonte, MG", ocorrida entre 2005 e 2006. Os resultados quantitativos sugerem que a realização de uma consulta ginecológica está muito relacionada às características socioeconômicas e demográficas das entrevistadas. Nota-se, também, que as mulheres com maior probabilidade de terem ido ao ginecologista, nos últimos 12 meses, são aquelas que tiveram um acompanhamento ginecológico regular e que costumavam procurar este profissional por meio de consultas particulares ou planos de saúde. Os resultados qualitativos reafirmam o desconforto das mulheres diante da consulta, sendo maior entre aquelas com menos escolaridade. Notou-se também que a primeira consulta ginecológica ocorreu em momentos muito diferentes para as mulheres de alta e de baixa escolaridade - para as primeiras está geralmente relacionada ao início da vida sexual e ao uso de contracepção, enquanto para as de menor escolaridade, o motivo costuma estar ligado à gravidez. No entanto, independente da escolaridade, da idade e da freqüência com que as entrevistadas buscam esta consulta, ficou evidente a grande importância atribuída a ela.
The present study focuses on gynecological consultations. It aims at investigating visits to gynecologists by women ages 18 to 59 living in the city of Belo Horizonte, Brazil, and their perceptions of the visit as a whole. The research was carried out in two stages. The first was a quantitative analysis using Grade of Membership (GoM), to define profiles of women who had been to a gynecologist in the 12 months prior to the research, compared to those who had not. The second stage consisted of a qualitative analysis of 33 semi-structured interviews with women whose characteristics are similar to the profiles defined in the first stage, in order to capture their perceptions regarding the visit. Quantitative data were obtained from the SRSR Project (Reproductive Health, Sexuality, and Race/Color), carried out by Cedeplar in 2002. The qualitative data were taken from the project entitled Quantitative and Qualitative Aspects of Access to Contraception, Diagnosis, and Treatment of Uterine Cancer: a proposal for analysis in the city of Belo Horizonte, MG, Brazil, carried out in 2005 and 2006 by Cedeplar. The quantitative results suggest that having made a gynecological visit during the previous year is strongly correlated to the socioeconomic and demographic characteristics of the women. Those who visit a gynecologist regularly and either pay for the appointment or have some sort of health insurance are the most likely to have gone to a gynecologist during the last 12 months. The qualitative results indicate that women feel uncomfortable during the visit, and the less educated women report feeling more embarrassed than the more educated. There are also strong differences between the more and the less educated women regarding their first gynecological visit. For those with more schooling, the first visit is usually earlier in life and is generally related to the first sexual activity and the use of contraceptives. Among the less educated, the first visit is commonly related to pregnancy. Regardless of educational level, age, or frequency of visits, it is clear that going to the gynecologist is very important for the women interviewed.
Este trabajo tiene como foco la consulta ginecológica. Se investiga el acceso a estas consultas entre mujeres residentes en Belo Horizonte, con edades entre 18 a 59 años, así como sus percepciones sobre este acceso. El estudio fue desarrollado en dos etapas: un análisis cuantitativo por medio del método Grade of Membership (GoM), buscando delinear perfiles de mujeres entre 18 y 59 años, que realizaron y no realizaron una consulta ginecológica en los 12 meses anteriores a la investigación; y un análisis cualitativo, con base en 33 entrevistas semi-estructuradas, buscando captar la percepción que mujeres con características similares a los perfiles extremos delineados en la primera etapa tuvieron sobre la consulta ginecológica. Los datos cuantitativos son oriundos de la investigación SRSR (Salud Reproductiva, Sexualidad y Raza/color), realizada por el Cedeplar [Centro de Desarrollo y Planificación Regional] en 2002. Los datos cualitativos provienen de la investigación "Aspectos cuantitativos y cualitativos acerca del acceso a la contracepción y al diagnóstico y tratamiento del cáncer de cuello uterino: una propuesta de análisis para el municipio de Belo Horizonte, MG", llevada a cabo entre 2005 y 2006. Los resultados cuantitativos sugieren que la realización de una consulta ginecológica está muy relacionada con las características socioeconómicas y demográficas de las entrevistadas. Se nota también, que las mujeres con mayor probabilidad de haber ido al ginecólogo en los últimos 12 meses, son aquéllas que tuvieron un seguimiento ginecológico regular y que habitualmente consultaron a este profesional por medio de consultas particulares o planes de salud. Los resultados cualitativos reafirman la incomodidad de las mujeres ante la consulta, siendo mayor entre aquéllas con menor escolaridad. Se notó también que la primera consulta ginecológica ocurrió en momentos muy diferentes para las mujeres de alta y de baja escolaridad - para las primeras está generalmente relacionada con el inicio de la vida sexual y con el uso de contracepción, mientras que para las de menor escolaridad, el motivo suele estar ligado con la gravidez. Sin embargo, independientemente de la escolaridad, de la edad y de la frecuencia con que las entrevistadas buscan esta consulta, quedó evidente la gran importancia atribuida a ella.