OBJETIVO: Analisar processos de estigmatização e modalidades de violência vividos por portadores de transtornos mentais. MÉTODOS: Estudo qualitativo baseado em entrevistas individuais com usuários e grupos focais com familiares e profissionais de cinco centros de atenção psicossocial, nos municípios de Itaberaba, Lauro de Freitas, Salvador e Vitória da Conquista (BA) e em Aracaju (SE), em 2006-2007. As categorias de análise foram construídas com base no conceito de estigma proposto por Goffman e foram sistematizadas quatro tipos de violência: interpessoal, institucional, simbólica e estrutural. RESULTADOS: Usuários e familiares relataram exemplos de desqualificações, repreensões, constrangimentos, humilhações, negligência e agressões físicas, com fins de dominação, exploração e opressão. Profissionais referiram que pessoas que sofrem transtornos mentais permanecem como alvo de preconceitos arraigados e naturalizados na cultura. A principal conseqüência foi a manutenção do isolamento, da vida social como forma de "tratamento" ou como atitude excludente manifestada por reações discriminatórias, que se apresentam como rejeição, indiferença e agressividade verbal ou física. CONCLUSÕES: As variadas formas de expressão do estigma denotam uma situação sociocultural de violências contra os portadores de transtornos mentais. Propõe-se a constituição de observatórios estaduais capazes de planejar e avaliar contra-ações às estigmatizações.
OBJECTIVE: To analyze stigmatization processes and types of violence experienced by individuals with mental disorders. METHODS: A qualitative study was carried out, based on individual interviews with users and focus groups with family members and professionals at five psychosocial care centers in the municipalities of Itaberaba, Lauro de Freitas, Salvador, Vitória da Conquista, and Aracaju, Northeastern Brazil, in 2006-2007. The analysis categories were constructed based on the stigma concept proposed by Goffman, and four types of violence were systematized: interpersonal, institutional, symbolic and structural. RESULTS: Users and family members recounted examples of disqualification, reprimands, embarrassment, humiliation, negligence and physical aggression that had the aims of domination, exploitation and oppression. Professionals reported that people who suffer from mental disorders remain the target of prejudice that is culturally ingrained and naturalized. The main consequence is continuation of their isolation from social life as a form of "treatment" or as an excluding attitude manifested by discriminatory reactions in the form of rejection, indifference and verbal or physical aggressiveness. CONCLUSIONS: The various ways of expressing stigma denote a sociocultural situation of violence against individuals with mental disorders. It is proposed that state monitoring bodies capable of planning and evaluating countermeasures against stigmatization should be set up.
OBJETIVO: Analizar procesos de estigmatización y modalidades de violencia vividos por portadores de trastornos mentales. MÉTODOS: Estudio cualitativo basado en entrevistas individuales con usuarios y grupos focales con familiares y profesionales de cinco centros de atención psicosocial, en los municipios de Itaberaba, Lauro de Freitas, Salvador, Vitória da Conquista y Aracaju (Noreste de Brasil), en 2006-2007. Las categorías de análisis fueron construidas con base en el concepto de estigma propuesto por Goffman y fueron sistematizadas cuatro tipos de violencia: interpersonal, institucional, simbólica y estructural. RESULTADOS: Usuarios y familiares relataron ejemplos de descalificaciones, reprensiones, desagrados, humillaciones, negligencia y agresiones físicas, con fines de dominación, explotación y opresión. Profesionales refirieron que personas que sufren trastornos mentales permanecen como centro de prejuicios arraigados y naturalizados en la cultura. La principal consecuencia fue el mantenimiento del aislamiento, de la vida social como forma de "tratamiento" o como actitud excluyente manifestada por reacciones discriminatorias, que se presentan como rechazo, indiferencia y agresividad verbal o física. CONCLUSIONES: Las variadas formas de expresión del estigma denotan una situación sociocultural de violencias contra los portadores de trastornos mentales. Se propone la constitución de observatorios estatales capaces de planificar y evaluar contra-acciones a las estigmatizaciones.