Resumo Objetivo: Comparar a prevalência de ansiedade, depressão e estresse em estudantes de todos os períodos de graduação de medicina e avaliar os fatores associados. Método: Estudo transversal e comparativo, realizado com alunos dos seis anos (doze semestres) de um curso de medicina brasileiro. Os alunos preencheram um questionário com dados sociodemográficos e relacionados à religiosidade (Duke Religion Index) e à saúde mental (DASS-21 - Depression, Anxiety and Stress Scale). Os estudantes dos 12 períodos do curso foram comparados quanto às variáveis demográficas, socioeconômicas e saúde mental por meio dos testes de Qui-quadrado ou ANOVA. Para avaliar os fatores associados a cada variável dependente (estresse, depressão e ansiedade), foram utilizados modelos de regressão linear. Resultados: Responderam ao questionário 743 (73,63%) dos 1.009 estudantes matriculados no curso de medicina, com 34,6% apresentando sintomatologia depressiva; 37,2%, sintomas de ansiedade; e 47,1%, estresse. Houve diferenças significantes entre os períodos em relação à ansiedade - ANOVA: (F = 2,536; p=0,004), sendo as diferenças entre o primeiro e o décimo período (p=0,048) e entre o primeiro e o décimo primeiro período (p=0,025); à depressão - ANOVA: (F = 2,410; p=0,006), sendo as diferenças entre o primeiro e o segundo período (p=0,045); e ao estresse - ANOVA: (F = 2,968; p=0,001), sendo as diferenças entre o sétimo e o décimo segundo período (p=0,044), entre o décimo e o décimo segundo (p=0,011) e entre o décimo primeiro e o décimo segundo (p=0,001). Estiveram associados (a) ao estresse: gênero feminino, ansiedade e depressão; (b) à depressão: gênero feminino, religiosidade intrínseca, ansiedade e estresse; (c) à ansiedade: semestre do curso, depressão e estresse. Conclusão: Os achados do presente estudo mostram altos níveis de sintomas de depressão, ansiedade e estresse em estudantes de medicina, com diferenças marcantes nos diferentes semestres do curso. Fatores como gênero e religiosidade parecem influenciar a saúde mental dos estudantes de medicina.
Summary Objective: To compare the prevalence of anxiety, depression, and stress in medical students from all semesters of a Brazilian medical school and assess their respective associated factors. Method: A cross-sectional study of students from the twelve semesters of a Brazilian medical school was carried out. Students filled out a questionnaire including sociodemographics, religiosity (DUREL - Duke Religion Index), and mental health (DASS-21 - Depression, Anxiety, and Stress Scale). The students were compared for mental health variables (Chi-squared/ANOVA). Linear regression models were employed to assess factors associated with DASS-21 scores. Results: 761 (75.4%) students answered the questionnaire; 34.6% reported depressive symptomatology, 37.2% showed anxiety symptoms, and 47.1% stress symptoms. Significant differences were found for: anxiety - ANOVA: [F = 2.536, p=0.004] between first and tenth (p=0.048) and first and eleventh (p=0.025) semesters; depression - ANOVA: [F = 2.410, p=0.006] between first and second semesters (p=0.045); and stress - ANOVA: [F = 2.968, p=0.001] between seventh and twelfth (p=0.044), tenth and twelfth (p=0.011), and eleventh and twelfth (p=0.001) semesters. The following factors were associated with (a) stress: female gender, anxiety, and depression; (b) depression: female gender, intrinsic religiosity, anxiety, and stress; and (c) anxiety: course semester, depression, and stress. Conclusion: Our findings revealed high levels of depression, anxiety, and stress symptoms in medical students, with marked differences among course semesters. Gender and religiosity appeared to influence the mental health of the medical students.