RESUMO O Al trocável é tradicionalmente quantificado no extrato da solução de KCl 1 mol L-1; entretanto, nem sempre o Al provém unicamente de formas trocáveis desse elemento. Este trabalho objetivou investigar as formas de Al presentes em solos ácidos de várias regiões brasileiras, com distintas mineralogias, buscando elucidar se todo o Al-KCl corresponde às formas trocáveis do elemento. Foram testados os seguintes extratores para Al: Método tradicional (KCl 1 mol L-1), e variações desse método (curvas de titulação potenciométrica, método das extrações sucessivas e tamponado a pH 5), KCl 0,1 mol L-1, CaCl2 0,01 mol L-1, oxalato de amônio 0,2 mol L-1, pirofosfato de sódio 0,1 mol L-1 e CuCl2 0,5 mol L-1. A quantificação do elemento foi feita por titulação e, ou, por espectrofotometria de absorção atômica (EAA), quando pertinente. Foram analisadas amostras de dois horizontes (A e B) de perfis de solo de cinco estados brasileiros (AC, PE, BA, RS e SC). Dois perfis de solo de Santa Catarina, com níveis mais baixos de Al-KCl, foram utilizados como referência de solos mais intemperizados, com mineralogia caulinítica. Os resultados demonstraram que, particularmente nos solos ácidos com esmectitas, o KCl 1 mol L-1 extrai outras formas de Al além da trocável, superestimando seus valores, não sendo, portanto, um extrator indicado para a maioria dos solos analisados neste estudo. No entanto, a utilização dessa solução, porém mais diluída (KCl 0,1 mol L-1), teve menor efeito na dissolução desses compostos, podendo indicar de forma mais realista os teores de Al trocáveis do solo. As demais variações desse método (tampão pH 5, método potenciométrico e extrações sucessivas) não se evidenciaram adequadas para determinar esse elemento por extraírem quantidades similares ou até mais altas, quando comparadas com o método tradicional. Os altos teores de Al quantificados nos extratos de oxalato de amônio, cloreto de cobre e pirofosfato de sódio indicaram a participação expressiva de formas inorgânicas amorfas e de baixa cristalinidade, que contribuíram para a superestimação dos teores de Al nos solos estudados.
ABSTRACT Exchangeable Al is normally quantified in the extract of 1.0 mol L-1KCl, but Al does not always come solely from exchangeable forms of the element. The objective of this study was to quantify Al forms existing in acid soils in order to elucidate if all Al-KCl comes from exchangeable forms. Soils samples with different mineralogical compositions were collected from many regions of Brazil. The following Al extractants were evaluated: the traditional method (1.0 mol L-1 KCl) and some variations of it (potentiometric titration curves, method of successive extractions, and 1.0 mol L-1 KCl buffered at pH 5.0), 0.1 mol L-1 KCl, 0.01 mol L-1CaCl2, 0.2 mol L-1 ammonium oxalate, 0.1 mol L-1 sodium pyrophosphate, and 0.5 mol L-1CuCl2. Aluminum was quantified by titration, or by atomic absorption spectroscopy when pertinent. Samples from A and B horizons were used that were collected from five Brazilian states: Acre, Bahia, Pernambuco, Santa Catarina, and Rio Grande do Sul. Two additional soil profiles with lower contents of Al and essentially kaolinitic mineralogy were used as a reference of more weathered soils. Results showed that especially in acid soils with smectite, 1.0 mol L-1 KCl extracts other forms of Al in addition to the exchangeable form, which makes this solution inappropriate for estimating exchangeable Al for most soils studied. However, use of this solution in a more dilute form (0.1 mol L-1 KCl) had a smaller effect on the dissolution of these compounds and is a more reliable indicator of exchangeable Al levels. The other variations of this method (buffer pH 5, and potentiometric and successive extraction methods) were not suitable for determining this element because they extracted similar or even higher amounts when compared to the traditional method. The high contents of Al quantified by ammonium oxalate, copper chloride, and sodium pyrophosphate extractants showed the expressive participation of amorphous inorganic forms and low crystallinity, which contributed to overestimating the levels of Al in the soils studied.