As infecções bacterianas cursam com altos índices de morbilidade e mortalidade na cirrose hepática. O objetivo do nosso trabalho foi avaliar se também na hepatite alcoólica as infecções bacterianas são fatores de mau prognóstico. Na avaliação retrospectiva de 681 pacientes hospitalizados em um único centro, por período de 6 anos, foram bem documentados 52 (7,5%) casos de hepatite alcoólica, sendo 73,1% com biópsia hepática para análise histopatológica e os restantes por diagnóstico clínico-bioquímico. Houve predomínio do sexo masculino (relação 3,3:1,0), com idade média de 40 anos e ingestão média de etanol puro de 193g/dia por mais de 3 anos. As principais complicações foram: encefalopatia hepática (n=5), insuficiência renal (n=4) e hemorragia digestiva alta (n=3). Houve infecção bacteriana em 11 (21,1%) pacientes, sendo pulmonar (n=5), peritonite bacteriana espontânea (PBE) (n=2), urinária (n=3) e dermatológica (n=1). Óbito precoce, durante o período de internação ocorreu em 8 (15,4%) casos e a análise comparativa entre eles e os sobreviventes mostrou serem fatores de mau prognóstico a presença de encefalopatia hepática (p=0,012), bilirrubinas > 20mg% (p=0,012) e associação com infecções graves (pulmonar/PBE), com p=0,004. Em conclusão, demonstramos que as infecções bacterianas são fatores de mau prognóstico na hepatite alcoólica. Recomendamos, portanto, que a profilaxia com antibióticos que se faz durante hemorragia digestiva alta na cirrose e em casos de insuficiência hepática fulminante, seja estendida para a hepatite alcoólica, em sua forma grave, com finalidade de evitar infecções bacterianas e mortalidade precoce.
Bacterial infections increase morbidity and mortality in cirrhosis. Our aim was to investigate whether in alcoholic hepatitis the development of bacterial infections was also a poor prognostic factor. In the retrospective evaluation of 681 hospitalized patients with liver disease, from a single center during a six-year period, 52 (7.5%) cases of alcoholic hepatitis were well documented, 73.1% by liver biopsy with histopathological analysis and the others by well characterized clinical-biochemical data. Males were predominant (ratio 3.3:1.0), mean age of 40 years and mean alcohol intake of 193g/day. Major complications were: Hepatic encephalopathy (n=5), renal insufficiency (n=4) and digestive bleeding (n=3). Bacterial infections were found in 11 (21%) patients, distributed into: pulmonary (n=5), spontaneous bacterial peritonitis (n=2), urinary (n=3) and dermatological (n=1). Early hospital death occurred in eight (15.4%) patients and comparative analysis between these and those who survived showed that poor prognostic factors were: presence of hepatic encephalopathy (p=0.012), total bilirubin > 20mg% (p=0.012) and the presence of severe infections (pulmonary and spontaneous bacterial peritonitis) with statistical significance (p=0.004). In conclusion we have demonstrated that severe bacterial infections are poor prognostic factors for alcoholic hepatitis. Our recommendation, based on prophylaxis with antibiotics during digestive bleeding in cirrhosis and in acute hepatic insufficiency, is to extend this prophylaxis to alcoholic hepatitis, in its severe form, in order to prevent bacterial infections and early death.