FUNDAMENTO: Alterações cardíacas são muito frequentes nos indivíduos portadores de doença renal crônica terminal e estão associadas com a morbimortalidade. OBJETIVOS: Avaliar as alterações evolutivas cardíacas após o transplante renal. MÉTODOS: Foram avaliados prospectivamente 40 pacientes com doença renal crônica terminal, imediatamente antes e com um mês, três meses e seis meses após o transplante renal, por meio de estudo ecocardiográfico com Doppler tecidual. Os parâmetros de massa ventricular, função sistólica e diastólica foram analisados. RESULTADOS: A média da idade foi 31,6 anos e 40% eram do sexo feminino. Observamos redução do diâmetro diastólico do VE (52,23 para 49,95 mm, p = 0,021) e do índice de massa do VE (131,48 para 113,039 g/m², p = 0,002) após o transplante renal. A razão E/e' média reduziu no terceiro e no sexto meses após o transplante renal em relação ao exame basal (8,13 e 7,85 vs 9,79, p < 0,05). A fração de ejeção aumentou a partir do primeiro mês do transplante renal em relação a exame basal (69,72% vs 65,68%, p < 0,05). A prevalência de disfunção diastólica reduziu 43% no período avaliado. A fração de ejeção e a razão E/e' média basais estiveram associadas com redução do índice de massa do VE após o transplante renal. O índice de massa do VE basal, o sexo feminino e a redução do fósforo sérico apresentaram associação com a redução da razão E/e' média após o transplante renal. CONCLUSÃO: O transplante renal promoveu alterações significativas nos parâmetros ecodopplercardiográficos de massa do VE, função sistólica e função diastólica nos pacientes com doença renal crônica terminal.
BACKGROUND: Cardiac disorders are very common in individuals with chronic kidney disease and are associated with morbimortality. OBJECTIVE: To evaluate cardiac alterations after kidney transplantation. METHODS: We prospectively evaluated 40 patients with chronic kidney disease, immediately before and one month, three months and six months after kidney transplantation, using tissue Doppler echocardiographic study. The left ventricular mass, systolic and diastolic function parameters were analyzed. RESULTS: The mean age was 31.6 years and 40% of patients were female. We observed a reduction in left ventricular diastolic diameter (52.23 to 49.95 mm, p = 0.021) and LV mass index (131.48 to 113.039 g/m2, p = 0.002) after kidney transplantation. The mean E/e' decreased in the third and sixth months after kidney transplantation, when compared to basal values (8.13 and 7.85 vs. 9.79, p <0.05). The ejection fraction increased from the first month after kidney transplantation compared to basal assessment (69.72% vs. 65.68%, p <0.05). The prevalence of diastolic dysfunction decreased 43% during the evaluated period. The basal ejection fraction and mean E/e' were associated with reduced LV mass index after kidney transplantation. The LV mass index at baseline, female sex and decrease in serum phosphorus were associated with a reduction in the mean E/e ' ratio after kidney transplantation. CONCLUSION: Kidney transplantation resulted in significant alterations in Doppler echocardiographic parameters of LV mass, systolic and diastolic function in patients with chronic kidney disease.