RESUMO Nas últimas duas décadas, ocorreram mudanças curriculares nos cursos de Medicina com o objetivo de formar profissionais humanizados e capazes de atender às demandas atuais. No contexto desse novo modelo, ressalta-se a importância do ensino de comunicação da má notícia na graduação, habilitando acadêmicos a atuar de maneira empática e eficiente. O conteúdo carregado de emoção reforça a necessidade de o médico se preparar adequadamente para saber lidar com as reações dos pacientes e com os próprios sentimentos. Este artigo é um estudo transversal que avaliou, por meio de checklist, a habilidade de comunicação da má notícia apresentada por acadêmicos de Medicina do ciclo pré-clínico em prova prática no modelo Objective Structured Clinical Examination (Osce). Foram avaliados 119 alunos do quarto semestre do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, dos quais 67% obtiveram desempenho global superior ou igual a 90%. A maior dificuldade observada foi em realizar um “anúncio breve” do problema ao transmitir a má notícia, com 35,3% de erro. Em contrapartida, os estudantes foram eficazes em não “dourar a pílula” ao comunicarem o diagnóstico, quesito que obteve índice absoluto de acertos. Além disso, foi analisada a capacidade dos alunos em identificar a influência dos sintomas na vida do paciente, por meio dos estágios do luto de Kübler-Ross e da escala de desempenho clínico Eastern Cooperative Oncology Group (Ecog), obtendo uma porcentagem de acertos de 84,1%. Embora o desempenho global tenha sido avaliado como excelente, estudantes de Medicina do ciclo pré-clínico mostram-se hesitantes em suas primeiras consultas e no primeiro contato com os pacientes, em especial naqueles de forte conteúdo emocional, fato que ficou evidente ao se identificarem as principais falhas cometidas pelos discentes durante a prova prática de comunicação da má notícia. Dessa forma, com o intuito de aprimorar essa habilidade tão importante para a prática médica, reforça-se o uso de nossas experiências de ensino-aprendizagem, como pacientes atores, treinamento entre os pares, abordagem de protocolos padronizados e reflexões acerca da importância dessas estratégias no ensino da má notícia.
ABSTRACT Over the last two decades, curriculum changes and developments have taken place at medical schools, aimed at humanizing medical training. It is believed that this will enable these professionals to meet the current demands of the changing health care system. Within context of this new approach, one can highlight the importance of methods of breaking bad news being included in undergraduate medical training. This will aid students to act empathetically and efficiently in not only this specific situation, but all situations. Emotionally-loaded content reinforces the need for student medics to be adequately prepared to know how to deal with both the reactions of patients and their own feelings. This article consists of a cross-sectional study, in which we evaluated the ability of delivering bad news and the communication skills of medical students. The students were from a preclinical science training course and analyzed by means of a checklist during an OSCE (Objective Structured Clinical Examination). A sample consisting of 119 second-year students from the University of Fortaleza medical school was evaluated, of which 67% reported an overall performance of greater than 90%. The greatest difficulty observed when breaking bad news was their making of a “brief announcement” at the beginning of the consultation (35.3%). However, the students were efficient at not “sugarcoating” the bad news, with none of the students failing in this aspect of the evaluation. Furthermore, the ability of identifying the influence of the symptoms in the patient’s life using the Kübler-Ross model of grief and loss and Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) scale was assessed, with 84.1% of the students identifying it correctly. Therefore, in order to improve this essential skill in medical practice, one can underline the importance of drawing on personal experiences in teaching-learning, as patient actors, of training among peers, of an approach that includes standardized procedures and reflections on the importance of these strategies in teaching how to break bad news.