RESUMO Em Mariana, estado de Minas Gerais, após o Rompimento da Barragem de Fundão, famílias passaram por processo de desterritorialização, em que foram deslocadas da área rural para a área urbana. Assim, o objetivo do estudo foi compreender o processo de desterritorialização nesse contexto, as implicações da perda desse locus social para a vida dos atingidos e para a construção de respostas e políticas públicas de saúde. Foi realizada pesquisa qualitativa no período de 2016 a 2018 no município de Mariana, utilizando as técnicas de observação participante e entrevistas com pessoas atingidas. As entrevistas foram analisadas a partir da Análise de Conteúdo, e a discussão foi orientada pelo referencial teórico dos conceitos de território, desterritorialização e sofrimento social. Na observação e nos relatos dos participantes, é marcante a relação simbólica com seu lugar de origem, traduzidos na forma de vínculos e pertencimento. As perdas, em suas diferentes dimensões, impactam a vida desde o luto até o sofrimento social. Até o reassentamento, é necessário que as interpretações desse novo viver não sejam patologizadas para que as pessoas consigam estar conscientes desse processo e serem protagonistas das escolhas.
ABSTRACT In Mariana, state of Minas Gerais, after the Fundao Dam rupture, families went through a process of deterritorialization, in which they were moved from rural to urban areas. Thus, the aim of the study was to understand the process of deterritorialization in this context, the implications of the loss of this social locus for the lives of those affected and for the construction of public health responses and policies. A qualitative research was conducted from 2016 to 2018 in the city of Mariana, using participant observation techniques and interviews with affected people. The interviews were analyzed based on Content Analysis and the discussion was guided by the theoretical framework of the concepts of territory, deterritorialization, and social suffering. In the observation and reports of the participants, the symbolic relationship with their place of origin is remarkable, translated in the form of bonds and belonging. Losses, in their different dimensions, impact life from grief to social suffering. Until the resettlement is achieved, it is necessary that the interpretations of this new living are not pathologized so that people can be aware of this process and be the protagonists of their choices.