RESUMO Objetivo: descrever os principais achados clínicos de uma coorte de pacientes com a displasia óculo-aurículo-vertebral (OAV). Método: revisão de prontuários médicos dos pacientes com diagnóstico de OAV no período de 1990 a 2010, acompanhados em um centro de genética médica. Resultados: foram incluídos no estudo 41 pacientes. A média de idade ao diagnóstico foi de 2 anos e 10 meses (34,4±48,8 meses) e a proporção de pacientes do sexo feminino foi de 53,7%. A média de idade dos pais ao nascimento do paciente foi de 28,5±6,9 anos para as mães e 31,4±7,4 anos para os pais. A maioria dos indivíduos (97,5%) possuía acometimento auricular, 90,2% tinham manifestações faciais, 65,9%, vertebrais, 53,7%, oculares, 36,6%, cardiovasculares, 29,3%, urogenitais e 17%, no sistema nervoso central. Além disso, 34% dos pacientes apresentavam a tríade clássica óculo-aurículo-vertebral, e todos os pacientes exceto um apresentavam concomitantemente problemas em outros órgãos ou sistemas. Conclusão: já que o diagnóstico desta entidade é eminentemente clínico, é imprescindível que os médicos das mais diversas especialidades conheçam os achados mais frequentes na OAV. Diante de um paciente com suspeita diagnóstica, deve ser realizada avaliação detalhada de outros órgãos, tanto clínica como por meio de exames complementares. O tratamento é baseado na correção cirúrgica das malformações e na reabilitação.
SUMMARY Objective: To describe the most prominent clinical features of a cohort of patients with oculo-auriculo-vertebral (OAV) dysplasia in Brazil. Method: A review of medical records of patients with diagnosis of OAV from 1990 to 2010 was performed in a medical genetics center. Results: 41 patients were included in the study. Their average age at diagnosis was 2y 10mo (34,4±48,8 months) and the female proportion was 53.7%. Mean maternal age at patient’s birth was 28.5y (min: 17, max: 46y) for mothers and 31.4y (min: 21, max: 51y) for fathers. Most patients (97.5%) had auricular involvement, with facial manifestation in 90.2%, spinal in 65.9%, ocular in 53.7%, 36.6% with cardiovascular involvement, 29.3% urogenital, and 17% of the cases with central nervous system (CNS) involvement. The classic OAV triad was present in only 34%. All patients except one had concomitant problems in other organs or systems. Conclusion: Since the diagnosis of OAV dysplasia relies only on a comprehensive medical evaluation, it is imperative that clinicians be aware of the most common presentation of the syndrome. Once suspected, every patient should undergo a complete medical evaluation of multiple systems including complementary exams. Treatment of these patients is based on surgical correction of malformations and rehabilitation.