The emergence of the pandemic caused by COVID-19 emphatically calls for thinking about the narrowing of the man-power-violence relationship and the resignification of the place of men in sustaining reproductive life, emotional ties and care. In this context of social isolation, as an important strategy against the spread of the disease, seeking to understand the increase in domestic violence against women, the objective of this essay is to reflect on the man-power-violence relations from the concepts of Hannah Arendt, problematizing the normalized concept of hegemonic masculinity. Throughout this essay, we seek to deconstruct the idea that there is a single model of hegemonic masculinity and that it proposes a global domination of men over women, since women also present aspects of masculinity, which is a historical-social construction that is transformed continuously. Thus, in the face of historical gender reforms, and the instability caused by the pandemic of COVID-19, there is an increase in domestic violence as an effect of the decrease in patriarchal power, in an attempt to stabilize the masculinity model defined by this patriarchal power, or the attempt to reconstitute it in new configurations. In view of this reality, it is necessary, within the scope of Collective Health, to reflect on the reformulation of the National Policy for Integral Attention to Men’s Health.
A emergência da pandemia causada pela COVID-19 reclama enfaticamente pensar o estreitamento da relação homem-poder-violência e a ressignificação do lugar dos homens na sustentação da vida reprodutiva, dos laços emocionais e do cuidado. Nesse contexto de isolamento social, como importante estratégia contra a disseminação da doença, buscando compreender o aumento de violência doméstica contra a mulher, o objetivo deste ensaio é refletir sobre as relações homem-poder-violência a partir das concepções de Hannah Arendt, problematizando o conceito normalizado de masculinidade hegemônica. Ao longo deste ensaio, buscamos desconstruir a ideia de que existe um único modelo de masculinidade hegemônica e que propõe uma dominação global dos homens sobre as mulheres, uma vez que mulheres também apresentam aspectos de masculinidade, sendo uma construção histórico-social, que se transforma continuamente. Assim, diante das reformas históricas de gênero acrescidas da instabilidade provocada pela pandemia da COVID-19, observa-se o aumento da violência domiciliar como efeito da diminuição do poder patriarcal, na tentativa de estabilizar o modelo de masculinidade definido por esse poder patriarcal, ou tenta-se reconstituí-lo em novas configurações. Frente a essa realidade, faz-se necessário, no âmbito da Saúde Coletiva, refletir sobre a reformulação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.