A forte relação das pessoas com o Rio Doce, bem como suas enchentes regulares, representam fator contínuo de exposição ao risco de doenças hídricas. Dada sua relevância epidemiológica, este estudo analisa a associação entre percepção de contaminação e uso do rio, bem como os mecanismos heurísticos empregados na formação da percepção de risco. Utilizou-se um modelo probit ordenado com variável instrumental e análise de redes temáticas aplicados a uma base de dados primária de 352 domicílios, representativa dos moradores de Tumiritinga, Minas Gerais, Brasil, para o ano de 2012. Os resultados indicam que embora a maioria (92,6%) dos moradores de Tumiritinga perceba o risco de contrair algum tipo de doença quando nada no Rio Doce, somente 11,4% informam não entrar na água. A análise de conteúdo sugere que esse paradoxo advém da falta de compreensão populacional sobre os mecanismos de transmissão de doenças hídricas, criando viés otimista sobre as chances de contaminação. Campanhas para promoção de comportamento preventivo devem, portanto, enfatizar as formas de contrair doenças hídricas na região.
The close relationship between local residents and the Rio Doce and the river’s recurrent flooding lead to continuous exposure of the population to waterborne diseases. Given the epidemiological importance of such diseases in the region, this study analyzes the association between risk perception of contamination and river water use, as well as the heuristic mechanisms used by individuals to shape their personal perception of risk. Regression models coupled with thematic network analysis were applied to primary data from 352 households in 2012. The data are representative of urban residents of Tumiritinga, Minas Gerais State, Brazil. The results show that while 92.6% of respondents perceived high risk of waterborne diseases, only 11.4% reported not making direct use of the river. This apparent paradox is explained by the lack of information on transmission mechanisms, underestimating the perception of contamination. Public campaigns to promote preventive behavior should stress how waterborne diseases are transmitted, using simple examples to reach a wider local audience.
La fuerte relación que los residentes tienen con Río Doce, así como con sus inundaciones regulares, representan factores de exposición continua para el riesgo de enfermedades transmitidas por el agua. Este estudio examina la asociación entre la percepción de la contaminación y el uso del río, así como los mecanismos heurísticos usados en la formación de la percepción del riesgo. Se utilizó un modelo probit ordenado con variable instrumental y análisis de redes temáticas aplicadas a una base de datos primaria, representativa de los residentes de Tumiritinga, Minas Gerais, Brasil, para el año 2012. Los resultados indican que, aunque la mayoría de los residentes (92,6%) se dan cuenta del riesgo de contraer algún tipo de enfermedad, cuando se nada en Río Doce, sólo el 11,4% declara no entrar en el agua. El análisis de contenido sugiere que esta paradoja se debe a la falta de comprensión de la población de los mecanismos de transmisión de enfermedades hídricas, creándose un sesgo optimista sobre las posibilidades de contaminación.