OBJETIVO: Testar os valores diagnóstico e prognóstico imediatos da proteína C-reativa (PCR) nos pacientes admitidos na sala de emergência (SE) com dor torácica (DT) e sem elevação do segmento ST no eletrocardiograma (ECG). MÉTODOS: De janeiro de 2002 a dezembro de 2003, 980 pacientes consecutivos foram atendidos com DT suspeita de síndrome coronariana aguda na SE (idade = 64,9 ± 14,3 anos, homens = 55%, diabéticos = 18%, ECG normal = 84%). Dosou-se a PCR na admissão, a creatinofosfoquinase MB fração massa (CKMB) e a troponina I seriadas, além de se registrar ECG seriados. As medidas da PCR foram padronizadas (PCR-p) pelo valor do limite superior da normalidade (LSN) do teste utilizado (3,0 mg/L para a PCR de alta sensibilidade-PCR-AS e 0,1 mg/dl para PCR titulada-PCR-t). RESULTADOS: Foi diagnosticado infarto agudo do miocárdio (IAM) em 125 pacientes, e seus valores para a PCR-p foram 1,31 ± 2,90 (mediana = 0,47) versus 0,79 ± 1,39 (0,30) nos sem IAM (p = 0,031). A PCR-p > 1,0 apresentou sensibilidade de 30%, especificidade de 80,4%, valores preditivos positivo e negativo de 6,1% e de 96,7%, para o diagnóstico de IAM. Houve quarenta eventos cardíacos intra-hospitalares (óbitos = dezesseis, revascularizações de urgência = 22, IAM = dois). No 1º quartil da PCR-p (< 0,10) registraram-se três eventos, enquanto no 4º quartil (> 0,93) ocorreram quinze eventos (p = 0,003). Na regressão logística foram preditores independentes para eventos cardíacos a insuficiência ventricular esquerda, o sexo masculino e a PCR-p > 0,32, com razão de chances de 7,6, 2,8 e 2,2, respectivamente. CONCLUSÃO: Nos pacientes atendidos com DT na SE, a PCR-p: 1) Não foi um bom marcador de IAM, apesar de um valor normal praticamente afastar esse diagnóstico; 2) Um valor superior a um terço do seu limite superior da normalidade (LSN) (>1 mg/L da PCR-AS ou >0,33 mg/dl da PCR-t) foi preditor de eventos cardíacos adversos intra-hospitalares.
OBJECTIVE: To test immediate diagnostic and prognostic values of C-reactive protein (CRP) in patients admitted to the emergency room (ER) with chest pain (CP) without ST-segment elevation on the electrocardiogram (ECG). METHODS: From January 2002 to December 2003, 980 patients were consecutively seen in the ER with CP suggestive of acute coronary syndrome (ACS) (age = 64.9 ± 14.3, men = 55%, diabetic = 18%, normal ECG = 84%). Serial CRP, creatine kinase MB mass (CKMB-mass) and troponin I determinations were performed on admission, in addition to serial ECG. CRP measurements were standardized (s-CRP) by the upper limit of normal (ULN) of the test used (3.0 mg/L for high-sensitivity C-reactive protein [hs-CRP] and 0.1 mg/dL for titrated CRP [t-CRP]). RESULTS: One hundred and twenty-five patients were diagnosed with acute myocardial infarction (AMI), and their s-CRP values were 1.31 ± 2.90 (median = 0.47) compared to 0.79 ± 1.39 (0.30) in no-AMI patients (p = 0.031). The s-CRP > 1.0 showed 30% sensitivity and 80% specificity, plus negative and positive predictive values of 6.1% and 96.7%, respectively, for AMI diagnosis. There were forty in-hospital cardiac events (16 deaths, 22 urgent revascularizations, and 2 acute myocardial infarction). In the first quartile of the s-CRP (< 0.10), three events were recorded, while in the fourth quartile (> 0.93) 15 events (p = 0.003) occurred. In the logistic regression model, masculine gender and s-CRP > 0.32 (odds ratio 7.6, 2.8 and 2.2, respectively) were independent predictors of cardiac events and left ventricular failure. CONCLUSION: In patients with chest pain presenting at the emergency room, s-CRP was not a good marker of AMI, although this diagnosis is virtually excluded by a normal value; in addition, values one-third above the upper limit of normal (>1 mg/L for hs-CRP or >0.33 mg/dL for t-CRP) were predictive of in-hospital adverse cardiac events.