Resumo Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa-intervenção, por meio de capacitação, relativas à socialização de saberes/técnicas da abordagem osteopática para profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), na sua confrontação com os processos de trabalho e cuidado na APS, conforme a lógica da educação permanente em saúde. Participaram das capacitações, equipes multiprofissionais de três centros de saúde de Florianópolis, região sul do Brasil, sendo o processo registrado em áudio e vídeo e acrescido de uma entrevista final. A análise dos dados foi feita por meio da Grounded Theory. A aprendizagem de saberes osteopáticos mostrou-se como instrumento disparador de processos reflexivos acerca do cuidado. Confrontados com a eficácia e resolubilidade percebidas desta abordagem na prática, os participantes demonstraram disposição para transformar seus atos de cuidado consigo mesmo e dentro do seu processo de trabalho. Segundo os profissionais, o entendimento comum sobre os mecanismos de autorregulação e a inclusão do estudo da mobilidade tecidual em sua anamnese contribuíram para o trabalho em equipe envolvendo um cuidado menos protocolar, mais adequado à cada caso, que inclui o estímulo de mecanismos endógenos, o uso racional de exames complementares, medicação e procedimentos cirúrgicos.
Abstract This paper presents partial results of a research-intervention, through training of PHC work teams. Initial consultation was made in a group by HC professionals, and the osteopath then performed the consultation. The socialization and training of practical knowledge and techniques of the osteopathic approach was done between consultations. Multiprofessional teams from three health centers from Florianópolis, southern Brazil, participated in the training, and the process was audio and videorecorded, along with a final interview. Data was analyzed using the Grounded Theory. Apprehending the osteopathic knowledge was a triggering tool for reflective processes about care. Faced with the efficiency and resolution of this approach in practice, participants showed a willingness to transform their acts of care of patients and also their self-care. The professionals argue that the common understanding about self-regulating mechanisms and the inclusion of the tissue mobility in their anamnesis, including the stimulation of endogenous mechanisms, contributed to less protocol-based care, more appropriate care for each case, better multidisciplinary team work, the rational use of additional tests, medication, and surgical procedures.