Resumo Fundamento O tecido adiposo epicárdico (TAE) tem sido associado à fibrilação atrial (FA), mas seus mecanismos fisiopatológicos permanecem obscuros. Objetivos Medir a correlação entre TAE e fibrose do átrio esquerdo (AE), e avaliar sua capacidade de prever recidiva após o isolamento da veia pulmonar (IVP). Métodos Pacientes com FA inscritos para um primeiro procedimento de IVP foram submetidos à tomografia computadorizada (TC) cardíaca e ressonância magnética cardíaca (RMC) em menos de 48 horas. Quantificou-se o TAECE em imagens de TC realçadas com contraste no nível do tronco da coronária esquerda. Quantificou-se a fibrose do AE em RMC tridimensional com realce tardio isotrópico de 1,5 mm. Após o isolamento da veia pulmonar (IVP), os pacientes foram submetidos a seguimento para checar a recidiva da FA. A significância estatística foi definida com p<0,05. Resultados A maioria dos 68 pacientes (46 homens, idade 61±12 anos) tinha FA paroxística (71%, n=48). Os pacientes apresentavam volume TAECE mediano de 2,4 cm3/m2 (intervalo interquartil [IIQ] 1,6–3,2 cm3/m2) e um volume médio de fibrose do AE de 8,9 g (IIQ 5–15 g). A correlação entre TAECE e fibrose do AE foi estatisticamente significativa, mas fraca (coeficiente de correlação de postos de Spearman = 0,40, p=0,001). Durante um seguimento médio de 22 meses (IIQ 12–31), 31 pacientes (46%) tiveram recidiva da FA. A análise multivariada produziu dois preditores independentes de recidiva da FA: TAECE (FC 2,05, IC de 95% 1,51–2,79, p<0,001) e FA não paroxística (FC 2,36, IC de 95% 1,08–5,16, p=0,031). Conclusão A correlação fraca entre TAE e AE sugere que a fibrose do AE não é o principal mecanismo que liga o TAE e a FA. O TAE mostrou-se mais fortemente associado à recidiva da FA do que à fibrose do AE, corroborando a existência de outros mediadores mais importantes do TAE e da FA.
Abstract Background Epicardial adipose tissue (EAT) has been associated with atrial fibrillation (AF), but its pathophysiological mechanisms remain unclear. Objectives To measure the correlation between EAT and left atrium (LA) fibrosis, and to assess their ability to predict relapse after pulmonary vein isolation (PVI). Methods Patients with AF enrolled for a first PVI procedure underwent both cardiac computerized tomography (CT) and cardiac magnetic resonance (CMR) imaging within less than 48 hours. EATLMwas quantified on contrast-enhanced CT images at the level of the left main. LA fibrosis was quantified on isotropic 1.5 mm 3D delayed enhancement CMR. After pulmonary vein isolation (PVI), patients were followed up for AF relapse. Statistical significance was set at p<0.05. Results Most of the 68 patients (46 men, age 61±12 years) had paroxysmal AF (71%, n=48). Patients had a median EATLMvolume of 2.4 cm3/m2(interquartile range [IQR] 1.6–3.2 cm3/m2), and a median amount of LA fibrosis of 8.9 g (IQR 5–15 g). The correlation between EATLMand LA fibrosis was statistically significant but weak (Spearman’s R=0.40, p=0.001). During a median follow-up of 22 months (IQR 12–31), 31 patients (46%) had AF relapse. Multivariate analysis yielded two independent predictors of AF relapse: EATLM(HR 2.05, 95% CI 1.51–2.79, p<0.001), and non-paroxysmal AF (HR 2.36, 95% CI 1.08–5.16, p=0.031). Conclusion The weak correlation between EAT and LA suggests that LA fibrosis is not the main mechanism linking EAT and AF. EAT was more strongly associated with AF relapse than LA fibrosis, supporting the existence of other more important mediators of EAT and AF.