Abstract This article presents a community quilombista perspective on the production of mental health care in psychosocial care. It is an ethnographic research conducted in the city of Juazeiro, State of Bahia (Brazil). The text registers part of the story of a black, northeastern and mentally ill woman. Through the ethnographic report, built from the field diary and an interview with a user of the Psychosocial Care Center, it describes an episode that marks her trajectory and moves her relationship with suffering and psychiatrization of life. Under the mark of racism, her claim in defense of life institutionalizes her right to maternity in two ways: obstetric violence and the production of madness. Racism is considered to create and define the suffering, madness, and death of black women. In this context, where race, gender, and class coordinate the lines between life and death, it is fundamental that care and articulation of networks can incorporate "quilombism" as an ethical, aesthetic, political, and community reference, capable of constituting itself as a strategy for psychosocial care.
Resumo Este artigo apresenta uma perspectiva comunitária quilombista sobre a produção do cuidado em saúde mental na atenção psicossocial. Trata-se de uma pesquisa etnográfica realizada na cidade de Juazeiro, Estado da Bahia (Brasil). O texto registra parte da história de uma mulher preta, nordestina e "louca". Através do relato etnográfico, construído a partir do diário de campo e de uma entrevista com uma usuária do Centro de Atenção Psicossocial, descreve um episódio que passa a marcar sua trajetória e move sua relação com o sofrimento e psiquiatrização da vida. Sob a marca do racismo, sua reivindicação em defesa da vida institucionaliza seu direito à maternidade em duas vias: a violência obstétrica e a produção da loucura. Considera-se que o racismo cria e define o sofrimento, a loucura e a morte das mulheres pretas. Neste contexto, em que raça, gênero e classe coordenam as linhas entre vida e morte, é fundamental que o cuidado e a articulação das redes possam incorporar o “quilombismo” como uma referência ética, estética, política e comunitária, capaz de constituir-se como estratégia para a atenção psicossocial.